sexta-feira, 4 de março de 2016

Temperança: entre o puritanismo e a esbórnia



Perdemos completamente a noção do que seja realmente a temperança. No melhor dos casos, pensamos que temperança é controle. “Evite excessos: não coma muito, não beba muito, transe com segurança”.

Não foi isso que os antigos entenderam por temperança. Para eles temperança era usar os apetites “sensoriais” de forma a atingir a finalidade da natureza humana – usá-los com racionalidade. Como não aceitamos mais o conceito de natureza humana e, por decorrência, uma finalidade para a vida, o que resta é controle.

Na verdade, nem controle mais existe. Oscilamos entre o puritanismo secular e a esbórnia. Vejamos exemplos.

Álcool: Temos o grupo que enche a cara por princípio. Antes de ir a uma festa, no meio da festa, no final da festa, para comemorar ou para esquecer, enche a cara. E há o grupo que não deixa ninguém comer nem um bombom com licor sob pena de ser multado, preso e ter confiscada a carteira de motorista. Não tem meio termo. Onde foi parar a boa e velha temperança de apreciar uma boa bebida?

Comida: Temos o grupo que vive de comer em podrões, com colesterol, pressão alta, diabetes e outros problemas. E há o grupo que só come brócolis e broto de bambu, alertando a todos que isso e aquilo fazem mal à saúde. Onde foi parar a flexibilidade de comer um leitão ou uma fruta na hora certa, na medida do bom senso?

Tabaco: Tem o grupo que fuma cigarro por vício o dia inteiro e tem a turma que não permite tabagistas em um raio de 1 km. Onde foi parar o prazer de fumar um bom charuto no domingo depois do almoço?
E quanto ao sexo, há uma pequena diferença. Os puritanos, aqueles que sequer mencionavam a palavra por tabu, já não existem mais. Houve tempo em que uma moça se aproximava da data do casamento sem conhecer os fatos da vida. Isso acabou. Em compensação, a hipersexualidade é tão forte que a ideia da temperança (que os antigos chamam de castidade, seja do casado ou do solteiro) é vista como algo impossível para o homem moderno.


A falta da temperança criou uma geração sem disciplina. Homens e mulheres que não conseguem dizer sim e não quando convém, deixam de aproveitar o melhor da vida, têm dificuldades para se relacionarem com as pessoas, criam problemas de saúde, esgotam-se em vícios, prejudicam a carreira profissional. E não tem a menor ideia por onde começar o conserto.


Artigo do blog: O Correio Chegou.

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