sábado, 4 de janeiro de 2014

Cultivar o amor


O amor dos namorados não é algo que precise ser tão cultivado quanto o dos casados. Inspirados pela paixão e pela conquista, os namorados possuem aquilo que podemos chamar de amor auto-motivado. O desafio por conquistar o outro paira nos corações mesmo dos que já namoram há mais tempo, ainda que em menor grau. Quando o homem e a mulher se casam e assumem o compromisso de que serão um do outro até a morte separá-los, todavia, as coisas tendem a se organizar de maneira diferente.
O casal deve se esforçar para reacender a chama que ardia antes com mais vigor, de modo que passa a tornar-se necessário jogar lenha no fogo que antes ardia por si só. Para tanto, é importante que um tente conquistar, surpreender e cativar o outro a cada dia. Há casais que temem a rotina, mas o que deveriam temer mais é o comodismo, a falta de iniciativa em aproximar-se do outro a fim de trazê-lo mais para si para unir os corações.
Que não se escusem, porém, os senhores-não-tenho-tempo e nem a senhoras-menos-ainda. Todos tem tempo para usar de delicadeza e ter detalhes de afeto para com os outros. O marido pode agradar a mulher em tantas sutilezas! Uma vez ouvi que quando um homem abre a porta do carro para uma mulher ou é porque o carro é novo, ou porque a mulher é nova. Ora,  essa! Que não seja assim nas nossas casas!
Poderá o esposo agradar àquela que escolheu por companheira de vida de muitas e diversas maneiras. Bastará  ter atenção, por exemplo, ao que ela diz. Se a esposa reclama de muitos pormenores dos quais o gentil senhor não consegue dar conta, que procure anotar um deles - não deixar a pia molhada ou a tampa do vaso sanitário levantada, por exemplo - e esforçar-se por cuidar desse pequeno ponto de luta. Talvez quem me leia ache isso pouco demais, pois então que o faça! Há muitos hoje em dia dos que são capazes de buscar a lua e as estrelas com palavras e em teoria, mas não são capazes de expressar o carinho através da menor obra prática que custe esforço.
Também a esposa poderá controlar a língua no sincero intento de fazer uma prévia seleção antes de reclamar com o marido  das 358,3  coisas que não foram guardadas como gostaria. É importante não reclamar a cada vez que vemos algo inoportuno sob pena de transformar a vida da pessoa que amamos em uma lista sem fim de defeitos e correções a serem feitas. Podemos observar o que incomoda e o que pode ser melhor e corrigir sim - temos o dever de melhorar a todos a nossa volta -, mas é sempre possível exercitar as virtudes, não reclamar muito(talvez eleger um número máximo por dia, como 1, 2 ou 3 coisas) e mesmo eleger dias em que se não irá reclamar de absolutamente nada.
Além do já mencionado, há pequenos carinhos que podem ser distribuídos de modo muito simples, como enviar um sms dizendo que sente saudades, servir um copo de suco ao que chega em casa cansado do trabalho, enviar uma flor, elogiar e agradecer sempre. São coisas que, embora pequenas, são os pequenos pontos que ligam a mais linda tapeçaria, a do amor. Tais pormenores deixam-nos alegres, demonstram que pensaram em nós e nos querem bem.
Por fim, todo casal deveria sair uma vez por semana juntos, ou no máximo de 15 em 15 dias, apenas os dois. Sem filhos ou casal de amigos. Os dois. O esforço  também será o de não convidar nenhum outro assunto como contas, problemas no colégio da filha, ou mesmo outros mais nobres como de que maneira poderiam ajudar tais e tais pessoas. Será um passeio dos dois para falarem sobre os dois e seu amor, como nos tempos de namoro.
Não precisarão ir a nenhum restaurante chique, basta ter boa vontade e encontrar a melhor maneira. Se é possível  fazer algo que gaste um pouco mais de dinheiro como um cinema - que estão caríssimos, ainda mais se incluirmos pipoca na conta -, que o façam, mas se não for possível, não deixem de sair, basta tomar um sorvete, dar uma caminhada... O ideal é que saiam de casa, mas se nem isso for possível, poderão usar uma toalha bonita, colocar o jantar na mesa e, quem sabe, até mesmo acender umas velas!