quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Já montou seu presépio?

Imagem sob licença creative Commons por wbeem

      Muitos de nós não conhecem a origem do presépio, ou até já ouviram falar, mas não lembram exatamente. Isabel de Almeida Serrano, em seu livro O Natal (Vozes, 1963), nos conta essa bela história:

"São Francisco de Assis desejava ardentemente celebrar o Natal representando a cena da gruta de Belém. E para isso obtivera do Papa a necessária autorização. 

Em 1223 entendeu-se com Giovanni Velita, seu amigo, e lhe disse 'Se gostares de festejar comigo o Natal em Greccio, vai e prepara antes de minha chegada o seguinte: gostaria de ver representado o recém nascido de Belém, para bem se compreender o estado de abandono em que deve ter-se encontrado quando nasceu, carecendo de tudo quanto uma criança necessita. Gostaria de vê-lo numa manjedoura, sobre palhas, e os animais rodeando-o".

No mosteiro de Greccio, sobre rochedos, Giovanni Velita preparou uma manjedoura em pedra bruta, forrada de palhas, rodeando-a com animais domésticos, o boi e o jumento. Entretanto, não colocou qualquer imagem de Nosso Senhor pequenino, devido ao respeito que São Francisco nutria e que o impediria de permitir ali colocarem uma criança viva ou uma imagem representando o Menino Jesus.

Ao cair da noite de 24 de dezembro de 1223 São Francisco ajoelhou-se ante aquela manjedoura, para rezar. E tão fortes eram a sua fé e o seu amor que - oh! prodígio! - o Menino se tornou visível sobre as palhas, estendendo-lhe os bracinhos.

Naquela noite, em Greccio, na Úmbria (onde existe hoje uma capela sob cujo altar se encontra a pedra da manjedoura) iniciou-se o Presépio e foi celebrada a primeira Missa do Galo, a Missa de meia-noite, que constitui a melhor e mais adequada maneira de se prestar homenagem ao Menino Jesus.

Daí por diante o uso de se armarem presépios foi se generalizando, adotando-se tão piedosa prática não apenas nas igrejas, mas também nos lares cristãos".


     Aos poucos o presépio foi conquistando um espaço maior na arte cristã. Mais e mais artistas se dispuseram a confeccioná-los e os presépios passaram a ser cada vez mais complexos. Inicialmente a exposição dos presépios se dava nas igrejas, mas passou também a ser uma prática das residências, começando pelos palácios, onde se expunham presépios suntuosos, com muitas figuras e cenários variados.
     Hoje em dia, com os presépios que ''já vem prontos'', com os personagens fixos na gruta, acabou se perdendo um pouco da tradição de enfeitar presépios maiores, pensar na decoração, etc. Isso é algo que precisa ser retomado! A montagem da cena da Natividade nos prepara para o grande dia, além de ser uma oportunidade ótima para envolver a família no projeto.
     Nem todos podemos ter presépios como os que eram expostos pela nobreza em seus palácios, mas todos podemos buscar adquirir um presépio bonito e digno. Não precisa ser gigante e com luzes brilhantes. Se isso está dentro das possibilidades da família, ótimo! Investir no presépio é uma maneira muito boa de viver a pobreza cristã, que não é tacanhice, gastando para oferecer a Deus o melhor.
     Para além dos personagens, também é importante pensar no cenário. Areia, pedrinhas, grama artificial, papel crepom, papel pedra, enfim... o que sua imaginação permitir! Sua família e todos os que visitarem sua casa pelo tempo em que o presépio esteja montado devem ser cativados pela atmosfera do nascimento do Deus Menino. Esse é um ótimo apostolado: Mostrar a todos que investimos tempo e diligência com as coisas de Deus.


Imagem sob licença Creative Commons por Lorenzoclick

Quero aproveitar para compartilhar com vocês uma ideia muito interessante que retirei também do livro O Natal, de Isabel de Almeida Serrano. Trata-se dos "Ofícios no Presépio".

"Tudo quando possa interessar a criança, fixando-lhe a atenção no presépio e, portanto no Mistério da Encarnação, convém que seja feito e propagado.

Conheci uma coleção de pequenas estampas coloridas, fabricadas na França, nas quais havia uma representação do Menino Jesus deitado na manjedoura e, junto a ela, a de uma pesonagem ou de um objeto relativos ao acontecido na gruta de Belém. Em cada estampa lia-se uma inscrição especificamente do ofício ou tarefa que qualquer pessoa poderia representar, assumindo o papel dos seres que ali se viam. Por exemplo, na estampa em que aparecia a estrela constava a legenda: 'Farei o ofício da estrela do presépio guiando uma alma para Jesus Cristo'. E assim por diante.

Os visitantes de um presépio tiravam à sorte uma estampa, como recordação daquele presépio e do dia de Natal. E naturalmente deveriam executar a função que lhes coubera por sorte.

Na falta de estampas com as legendas adequadas impressas, pode-se proceder da seguinte maneira: adquirem-se emblemas representando o Menino Jesus e no verso escreve-se um ofício.

Transcrevemos aqui alguns ofícios que podem variar de acordo com a inspiração da pessoa que escrever as legendas.

1° Farei o ofício de NOSSA SENHORA, recebendo o Menino Jesus em fervorosas comunhões.
2° Farei o ofício de SÃO JOSÉ, executando paciente e conscienciosamente os trabalhos de cada dia.
3° Farei o ofício dos ANJOS, rezando uma Salve Rainha em louvor de Nossa Senhora
4° Farei o ofício dos PASTORES, rezando com atenção minhas orações diárias.
5° Farei o ofício do REI GASPAR, oferecendo ao Menino Jesus o incenso das minhas confissões contritas.
6° Farei o ofício do REI MELCHIOR, oferecendo ao Menino Jesus a mirra de sempre evitar o pecado mortal.
7° Farei o ofício da ESTRELA ensinando (ou aprendendo) a doutrina cristã.
8° Farei o ofício da MANJEDOURA, rezando três Pai Nossos em louvor do Menino Jesus.
9° Farei o ofício das PALHAS da manjedoura, oferecendo ao Menino Jesus um pequeno sacrifício.
11° Farei o ofício do BOIZINHO, procurando ser sempre paciente.
12° Farei o ofício do JUMENTINHO, sofrendo com resignação qualquer aborrecimento."

A linguagem e as tarefas dos ofícios podem (e devem) ser adaptadas à idade a formação religiosa das pessoas que as receberão, claro. Não sei bem o que a autora quis dizer com "emblemas", mas é possível imprimir uma imagem bela do Menino na manjedoura, colar num papel mais durinho e colocar a mensagem no verso.

Imagem sob licença Creative Commons por Squiggle

Espero que as dicas tenham sido úteis e que vocês enviem fotos dos seus presépios! Feliz Natal!



terça-feira, 4 de novembro de 2014

Positivo e operante


Com tanta propaganda contraceptiva, a mentalidade corrente passou a ser a de que gravidez se pega no ar que nem resfriado. Não é bem assim. Sabiam que as chances de um casal saudável engravidar são de apenas 20% a cada mês? Pois é.

No início do casamento eu fiquei muito ansiosa e me perguntava quando conseguiria engravidar. Tenho a Síndrome dos Ovários Policísticos e, embora isso não necessariamente impeça a mulher de gravidar, às vezes dificulta o processo. Minha mãe também tinha e eu demorei dez(sim, dez) anos para nascer! Eu também tenho três irmãos no céu que não nasceram.

Com esse histórico familiar acrescido ao fato de que os meses passavam e eu não engravidava, fiquei ainda mais ansiosa. Como tenho ciclos bem irregulares, vivia fazendo testes de farmácia e nada. Cheguei até mesmo a ficar 3 meses sem menstruar e me enchi de esperança, mas deu negativo.

Resolvi procurar um médico para tentar iniciar um tratamento. Ele pediu uma ultrassonografia transvaginal, mas não consegui fazer na data marcada e só pude remarcar para dali a um tempo. Da segunda vez que marquei resolvi fazer um teste de gravidez na véspera, só por desencargo de consciência.

É que eu pensava que essa ultrassonografia não poderia ser feita em grávidas. Minha menstruação estava um pouco atrasada(até aí nada de novo,) e não quis arriscar fazer uma ultra que pudesse trazer problemas caso eu estivesse mesmo.

Já estava bem acostumada aos negativos. Tenho uma amiga que disse que, quando ela descobriu que estava grávida, logo apareceu a segunda linhazinha no teste, mal ela tinha inserido a tira na urina. Eu sempre esperei os minutos que o teste sugere, mas sem muita esperança. Era dia 15 de julho.

Coloquei meu teste em ação e fui lavar a louça, pentear o cabelo, enfim, qualquer coisa que eu precisasse fazer só para dar o tempo necessário e poder jogar fora. Surpresa! Quando fui pegar o bendito para colocar no lixo eu a vi. Fraquinha, fraquinha, mas minha segunda linha tão esperada estava lá.

Fiquei chocada. Eu não estava mais tão ansiosa e já tinha aceitado que teria de esperar quando, de repente..., isso! Resolvi que faria um exame de sangue naquele dia mesmo para ver se era verdade e poder contar para o papai com convicção.

Aí começou minha saga. Antes de fazer o exame, que seria no centro do Rio, resolvi passar na Tijuca. Queria comprar um babador que tinha visto numa lojinha para poder fazer uma surpresa pro Marcos. Depois disso fui até o laboratório e, na hora de pagar para fazer o exame, cadê a carteira?

Só podia ser brincadeira. Tive que andar e pegar o metrô de volta – devia ter ficado na lojinha. Fui até lá e nada, mas pude ver nas câmeras que eu saí da loja com a mochila fechada. Lembrei, então, que quando estava no elevador indo para o laboratório a parte externa da mochila estava aberta. Pois é, provavelmente me furtaram.

Não pude fazer o exame sem dinheiro. Voltei para casa e contei mesmo assim! Disse pro meu marido que “hoje em dia esses ladrões não respeitam nem grávida...”. Ele não entendeu muito bem e eu tive que ratificar a informação. Ficou radiante, mas a nossa ficha só cairia de fato quando tivéssemos o resultado “oficial” do exame de sangue.

O engraçado é que a lojinha na Tijuca fica do lado da Basílica de Santa Theresinha, onde nos casamos. Pode parecer bobagem, mas parecia que ela queria que eu desse uma olhada na casinha dela antes de saber o resultado.

No dia seguinte, 16 de julho, era festa de Nossa Senhora do Carmo. Se vocês acompanharam os posts sobre o casamento, saberão que entreguei meu buquê a ela. Junto de São Thomas More – porque quisemos casar no dia dele –, a Virgem do Carmo é a padroeira da nossa família.

Fiz o exame. De noitinha ganhei de uma amiga um marcador de livros da santinha de Lisieux – inesperadamente. Falaram para ela que eu gostava de Santa Theresinha e ela resolveu me presentear. Fiquei ainda mais confiante porque meu resultado viria das mãos de Deus, fosse positivo ou negativo.


E foi positivo. Vimos o resultado online e descobrimos que a gestação ainda estava bem no começo. Contamos para algumas pessoas próximas, mas para a maioria dos familiares, amigos e “o público em geral” só quando completei 12 semanas. Agora estou com 20 e dia 14 faço a morfológica. Será menino ou menina? Rezem por nós! :)

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Sobre um título completo

Já faz tempo que não posto nada no blog e peço desculpas a todos que nos acompanham – e tem tanto carinho por nós! – por essa falta. Ando numa correria só com um novo estágio e algumas aulas a noite na faculdade, mas agora vou tentar ser mais regular. Na verdade, tenho vivido momentos e descoberto coisas que não posso deixar de dividir com vocês. Uma leitora do blog me perguntou no Facebook se eu não comentaria nada aqui sobre o que temos vivido ultimamente e o farei, afinal o título Do Namoro aos Filhos, finalmente terá suas palavras fielmente retratadas nas linhas desse blog. Estou grávida!

 “Mas, Barbara, como assim? Vocês não quiseram aproveitar um pouquinho a vida antes?”

Claro que queremos aproveitar a vida! É exatamente por isso que decidimos que eu engravidaria tão logo Deus o desejasse. A felicidade, por ser grande, merece ser compartilhada, não acham? Com relação a isso de esperar um tempo para ter filhos, convido-os a ler um trecho do livro Amor e Casamento, de Cormac Burke(grifos meus): 

     Há quem afirme que alguns anos de vida conjugal sem filhos ajudarão o casal a amadurecer e a preparar-se para dar início à construção de uma família. Mas, perguntamos, que pode haver nessa vida a dois, com as responsabilidades reduzidas ao mínimo, que seja realmente capaz de amadurecer marido e mulher? O momento em que um casal está mais bem preparado para começar a vida familiar é precisamente aquele em que se casaram. O clima romântico que ainda envolve esses primeiros anos de vida conjugal ajudá-los-á a enfrentar com maior prontidão e alegria os sacrifícios que os filhos exigem. Aliás, esse amor idealista e romântico está na verdade previsto pela natureza para facilitar o processo de amadurecimento do casal no sacrifício. Mais adiante, já não será tão fácil consegui-lo e o processo pode até não funcionar. Se adiarem os primeiros filhos até o momento em que já não estejam imersos no amor romântico, a dedicação e o sacrifício requeridos pelos filhos poderão pesar-lhes demasiado..., exatamente porque não amadureceram o suficiente.
     Se dois jovens que se amam não querem fundar uma família, será melhor que não procurem casar-se. Muito provavelmente fracassarão. Poderíamos comparar essa situação à de um carro a que se quisesse dar partida com a correia do alternador quebrada; durante algum tempo o carro andará, mas cedo ou tarde a carga da bateria terminará...
Eu sei que isso pode parecer um pouco duro e que talvez existam casos em que possa não ser recomendável ter filhos imediatamente após o casamento, afinal não se trata de receita de bolo. De modo geral, porém, eu recomendaria que se aguardasse para marcar o casamento no momento em que os dois estiverem dispostos a ter filhos. O professor Felipe Aquino diz que quem não está preparado para ter filhos não está preparado para casar. No mais, recomendo fortemente a leitura desse livro de Burke, no qual ele comenta também o fato de que todo casamento chega a um ponto de crise conjugal e, se já tem filhos, tem motivos de sobra para permanecerem juntos e vencerem as dificuldades, o que pode significar uma vantagem em relação a um casal que tenha optado por adiar os filhos.

E a sua faculdade?

Olha, eu casei com 19 anos e não estava ainda nem na metade da faculdade. Isso se deve muito ao fato de que meu esposo é 10 anos mais velho que eu, afinal não é tão simples casar cedo quando seu noivo e você ainda estão na faculdade. Agora cheguei aos 20 e estou teoricamente na metade da dita cuja, mas quando aceitei casar eu também aceitei meus filhos. Eu sabia do "risco" de engravidar logo e, sinceramente, queria engravidar na lua de mel se possível fosse.

Na minha opinião é muito mais fácil cuidar das crianças enquanto se é jovem e não se tem (tantos) problemas de coluna... É verdade que eu vou precisar trancar a faculdade por um tempo, mas e daí? Sinceramente, em que isso vai interferir no meu futuro? Muitas pessoas não compreendem a decisão de que alguém deliberadamente engravide no meio da graduação, mas se é tão grave interromper os estudos para engravidar, pobres de nós! Afinal, as pós-graduações, mestrados e doutorados da vida também não poderiam esperar, se seguirmos essa lógica...

Muitos dizem também que é melhor conseguir um emprego bom antes de ter filhos... Mas, o que é um emprego bom? Quais são as necessidades que estamos criando e os luxos dos quais não queremos nos desprender? Se formos esperar o sucesso profissional, esperaremos demais, ignorando o fato de que a fertilidade também tem seu prazo de validade. Não podemos esquecer também de confiar em Deus. Cada criança traz um pão debaixo do braço!


No próximo post vou contar como descobri meu positivo, aguardeeem! :D

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Indicação de filme: O Doador de Memórias (The Giver)


Ontem assistimos à estréia de O Doador de Memórias. O filme é espetacular! A história é excelente, a fotografia é muito boa e os atores também são ótimos. Fazia tempo que eu não via um filme tão bacana no cinema!

Confiram o trailer e logo abaixo uma pequena resenha(contêm spoilers, mas dou a minha palavra de que não conto o final!) :)



Em um futuro distante, a solução apresentada para o combate às desgraças da humanidade - como a fome e a guerra - são as chamadas comunidades: "Locais serenos, bonitos, onde a desordem se transformou em harmonia". Os anciãos mantêm a ordem através de injeções matinais que impedem emoções, toques de recolher e funções bem determinadas para cada cidadão.

Todo tipo de desigualdade, diferença e outras causas de conflitos foram banidos, como por exemplo lares, famílias, fé, amor e cores. Os bebês são feitos pelas chamadas mães biológicas e, em seguida, destinados a unidades familiares arranjadas - único lugar em que é permitido o contato físico entre os cidadãos. Se os bebês não estão saudáveis até o dia determinado para sua entrega, são dispensados para outro lugar (elsewhere), assim como também os idosos, o que basicamente é infanticídio e eutanásia, mas ninguém sabe que está matando o outro. É algo automático e parece que ninguém sabe mesmo o que a morte significa.

Isso se deve ao fato de que não se fala realmente em morte, mas em dispensa. Assim como hoje, a linguagem é distorcida para agradar aos interesses de alguns, muito embora esses alguns preguem, no filme, que deve haver uma certa "precisão da linguagem" (Amar, por exemplo, é uma palavra antiquada facilmente substituível por gostar). Outra razão é a ausência de memórias nas comunidades. Ninguém mais sabe como era a vida antes de tudo aquilo surgir para ''resolver'' as problemas da humanidade. Ninguém, exceto o Receptor de Memórias, uma espécie de sábio que tem acesso a livros e detêm o conhecimento de toda a história pregressa para aconselhar os anciãos quando solicitado.

Jonas foi assignado, em sua cerimônia de graduação, para ser o futuro Receptor e, então, inicia seu treinamento com aquele que agora será seu Doador de Memórias. O jovem passa a ver as cores, pára de tomar as injeções matinais e até se apaixona, começando a entender que há algo de muito errado na sociedade em que vive. Jonas, entretanto, fica sabendo das guerras e de toda a dor, o que faz com que ele queira interromper o treinamento e pense que talvez os anciãos tivessem razão.

Há uma frase emblemática dita pela personagem de Meryl Streep, a anciã-chefe, em que ela diz que as pessoas são fracas e, quando têm a liberdade de escolher, escolhem errado. Como diz o cartaz promocional do filme, não há verdadeira liberdade de escolha quando não há memórias. Em tempos de uma verdadeira negação do passado, como os dias atuais, O Doador de Memórias vêm nos lembrar de onde viemos para que saibamos onde devemos chegar.

Para saber o que acontece depois assistam o filme, não vão se arrepender!

Imagem: Batalha, por Humberto Marum, sob licença Creative Commons.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Sentido e Leis do Pudor



O sentido do pudor

Se o corpo é expressão da alma, a educação do corpo levará a apresentá-lo como manifestação adequada do ser espiritual da pessoa. A intimidade pessoal tem também um reflexo na intimidade corporal. (…) O pudor é o aspecto da educação que nos leva a apresentar-nos, sempre como pessoas com alma e corpo. É a defesa do aspecto pessoal do corpo, é evitar que apareça como simples objeto sexual. Uma vez que essa experiência do corpo como simples objeto apetitoso está dentro das possibilidades normais de qualquer pessoa, quando nos apresentamos junto dos outros procuramos evitar-lhes que caiam numa consideração meramente animal do nosso próprio corpo. E assim evitamos ser considerados como animais. Porque o nosso corpo é parte da nossa pessoa. O pudor consiste em apresentar o caráter pessoal do corpo. O impudor consiste em apresentar-se como objeto sexual, em destacar o estritamente sexual, de maneira que chame a atenção do outro de maneira imediata.

As leis do pudor

Para saber o que é o pudor e o impudor no homem e na mulher, cada um deles deve ter em conta a diferença natural de percepção do outro. Já referimos que o homem reage naturalmente, de modo automático, perante os valores meramente carnais do sexo feminino, enquanto que a mulher não sente habitualmente essa mesma atração imediata perante o corpo do homem.

Por outro lado, o que é pudico ou impudico depende da situação em que nos encontramos e da função que tem que cumprir o vestuário. Não é o mesmo estar a tomar banho que estar numa festa. O que é perfeitamente apresentável como traje de banho, é totalmente inadequado como traje de festa. Aparecer numa festa de sociedade em  traje  de banho,  é apresentar-se de modo impudico, destacar o estritamente sexual. E assim o sentirão todos os presentes.
O pudor não se pode reduzir, portanto, a centímetros de roupa. Depende de um conjunto de fatores que influem na percepção que os outros têm de nós. Depende das diversas situações e da função do vestuário e depende também dos costumes no modo de vestir. Se, numa sociedade em que todas as mulheres andassem com as saias até ao tornozelo, uma se apresentasse com a saia a meio da perna, chamaria a atenção. E a atenção recairia sobre aspectos significativamente sexuais.
Por outro lado, as mesmas mulheres que andavam com as saias até ao tornozelo, quando chegava a hora de ir trabalhar para a horta, não tinham nenhuma dúvida em recolher as saias, pois a situação assim o exigia, para não estragar a pouca roupa que tinham. E ninguém considerava que aquilo fosse impudico. Se todas as mulheres andam com a saia a meia perna, isso não chamará a atenção, nem provocará uma consideração basicamente sexual do corpo. Mas nem tudo é uma questão de costume. Há certas leis características da percepção que reclamam a atenção sobre um ou outro aspecto do corpo. Determinados tipos de decotes ou mini-saias, roupas cingidas, etc., não podem deixar de chamar a atenção sobre os aspectos provocativamente sexuais do corpo feminino. E não é questão de mais ou menos roupa. Pode ter mais roupa e menos pudor. Podemos ver isso, em alguns casos, na nossa sociedade.
Isto é também o caso de certas tribos sem cultura nem técnica, que habitam em zonas úmidas e quentes. As circunstâncias de ambiente e a sua falta de técnica tornam impossível a roupa adequada, pelo que andam quase nus. O pudor costuma expressar-se dissimulando o estritamente sexual, mediante uma simples faixa. Mas quando uma mulher quer chamar a atenção do homem, o que faz é precisamente cobrir o peito. As leis da percepção fazem que isso chame mais a atenção, uma vez que nunca anda coberta. E o que não se vê, mas se imagina, é mais provocativo que o que se vê normalmente, porque as circunstâncias fazem que esse modo elementar de vestir seja o único possível e, portanto, que seja pudico. Nessas circunstâncias, a percepção do conjunto da sociedade está habituada a expressar o pudor e o impudor sempre da mesma maneira.
Uma percepção deste gênero seria impossível num lugar como o nosso, no qual o clima exige cobrir-se em determinadas épocas. O simples fato de andar vestido em certas alturas altera totalmente a percepção da intimidade corporal. Se estamos habituados a ver-nos vestidos, a nudez tem um significado totalmente diferente, destaca uma “disponibilidade” sexual que não se apresenta na percepção de quem por necessidade anda habitualmente nu. Há aqui uma legalidade natural que nenhuma vontade pode alterar, nem sequer pelo desejo de uma pretendida naturalidade. O natural para o homem depende da sua formação cultural, pois essa formação altera a sua constituição neuronal e estabelece modos naturais de percepção, dificilmente alteráveis. O fenômeno contemporâneo da perda do pudor e do nudismo é algo totalmente diferente da nudez habitual e constante dos “bons selvagens”.


A intimidade corporal e a entrega

Uma vez que as condições ambientais, técnicas, culturais, estabelecem as leis próprias do pudor, define-se espontaneamente a fronteira entre o pudico e o impudico. E estabelece-se o limite natural da intimidade pessoal. O vestuário tem a função de personalizar o corpo, de expressar a própria personalidade. Por isso tem a função de estabelecer o grau de relação com uma determinada pessoa. Quando as leis do pudor estabeleceram o que define a intimidade corporal, estabelece-se uma união entre a intimidade pessoal e a intimidade corporal. As duas caminham a par, porque a pessoa é ao mesmo tempo corpo e espírito. Quando se entrega o corpo, entrega-se a própria pessoa. E quando se abre a intimidade corporal, abre-se a intimidade pessoal. Separar esses dois fatores produz uma ruptura interior da pessoa. Como a pessoa é indissociavelmente corporal, para criar um espaço de intimidade espiritual, de riqueza interior pessoal, tem de se criar um espaço de intimidade corporal. Todos os torturadores sabem que a nudez corporal é um modo muito eficaz de rebaixar e destruir a dignidade e a resistência interna das pessoas. Quando uma pessoa não defende a sua própria intimidade corporal, isso significa que não tem uma intimidade pessoal a salvar.
A prostituição destrói o mais íntimo das pessoas, por isso provoca tanta pena ou tanta repugnância. Quem entrega o corpo sem entregar a alma, prostitui-se. Quem entrega a intimidade corporal sem entregar a intimidade pessoal, prostitui-se.
Por isso, a nudez, a abertura da intimidade corporal, deve estar sempre ligada à entrega mútua e total da própria pessoa, que se realiza no matrimônio. A nudez é sinal de abandono e entrega plena, por isso tem de haver uma entrega mútua e para sempre; doutra forma, haveria prostituição por parte de um ou de outro. Se a nudez não é expressão de uma entrega pessoal, então é porque essa pessoa se está a apresentar perante os outros como simples objeto, com o seu inevitável valor sexual em primeiro plano.»

Trecho de "Saber Amar com o Corpo", de Mikel Gotzon Santamaría Garai.
Imagem por laura redburn, sob licença Creative Commons.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Matrimônio e Doação

Dizia o filósofo francês Gustave Thibon que "O amor nupcial autêntico acolhe o ser amado não como um Deus, mas como um dom de Deus". Todas as dádivas divinas nos são dadas apenas como meios de nos aproximarmos mais do fim último do homem, a vida eterna. Assim, o amado é um dom de Deus orientado para a nossa santificação como o ilustra de maneira belíssima Dom Marcos Barbosa em seu Cântico Nupcial:

E, quando eu fechar os olhos para a grande noite,
sejam tuas as mãos que hão de fechá-los.

E, quando os abrir para a visão de Deus,
possa contemplar-te como o caminho
que me levou, dia após dia,
à fonte de todo amor.

O Matrimônio é, por excelência, a entrega mútua de um homem e uma mulher que querem ser, um para o outro um dom - e por isso se doam. Como Cristo ofereceu na Santa Missa Seu corpo à Sua esposa, a Igreja, também o marido deve oferecer-se seu próprio corpo à esposa no ato conjugal. É por isso que se diz que a cama é o altar da igreja doméstica.

O “grande mistério”, que é a Igreja e a humanidade em Cristo, não existe dissociado do grande mistério expresso na realidade de “uma só carne” do matrimônio e da família. 
(São João Paulo II na Carta às Famílias, 19)

O sexo, longe de ser algo sujo, é algo glorioso, já que permite ao casal amar como Deus ama. Assim como a Santíssima Trindade consiste em um só Deus e três pessoas, o casal deixa de ser dois para ser uma só carne. Christopher West, um renomado teólogo especialista na Teologia do Corpo nos recorda que

De todas as formas que Deus usa para revelar sua vida e seu amor ao criar o mundo, diz João Paulo II que o matrimônio – celebrado e consumado pela união sexual – é a mais fundamental.

(Good news about sex and marriage)

Ah, e isso tudo sem falar nos frutos das relações entre os casais: os filhos! A geração da vida confere ao casal a imensa alegria de tornarem-se participantes da criação divina e contribui também - e muito!- para que cresça o amor do esposos, que passarão a não concentrar-se apenas em si mesmos, mas olharão juntos em uma direção comum, como disse Cormac Burke em seu livro Amor e Casamento:

O amor entre os cônjuges encolhe-se e desaparece se os dois permanecem demasiado tempo com os olhos fixos um no outro, para que cresça, tem de contemplar outros olhos - muitos outros olhos, nascidos desse mesmo amor -, e ser por eles contemplado.

Já que estamos falando de amor, o amor dos esposos passa, no matrimônio, a ser orientado pela intimidade que cria a comunhão entre as pessoas. É o amor o responsável por "causar" o casamento e também é o Amor o seu fim último. Para encerrar, proponho refletirmos sobre esse amor e sobre o fato de que, como diz o filósofo alemão Dietrich Von Hrildebrand,

O amor entre o homem e a mulher não é uma invenção romântica dos poetas, mas um fator extraordinário na vida humana desde o início da história da humanidade, a fonte da felicidade mais intensa na vida humana terrestre. Dele diz o Cântico dos Cânticos: ‘Se por amor um homem desse todos os bens da sua casa, haveria de desprezá-los como a bagatelas.’ Com efeito, só este amor é a chave para uma compreensão da verdadeira natureza do sexo, do seu valor e do mistério que personifica.
(Filosofia do relacionamento entre homem e mulher)


quarta-feira, 23 de julho de 2014

Seminário Moda e Comportamento



Pessoal, passei aqui no blog rapidinho para divulgar esse SUPER seminário que acontecerá no Rio. 


Para se inscrever é simples:
Envie um e-mail para bossafeminina@globo.com demonstrando seu interesse em participar do evento. Após receber a resposta confirmando o recebimento, deposite em uma das contas da ADEC * o valor para um ou dois dias de seminário à sua opção (80 ou 160 reais). 
Envie o comprovante do depósito para  o e-mail bossafeminina@globo.com  dizendo o seu nome. Você receberá um e-mail confirmando o recebimento do mesmo.
* Itaú Ag. 0532 Conta 16606-3
* Bradesco Ag. 1444 Conta 7300-8

Vai valer muito a pena, acreditem! 

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Entrevistas ao programa Modéstia e Pudor, da Rádio Vox.

Queridos leitores, há quanto tempo, não?
Desculpem a ausência.

Como alguns sabem, concedi algumas entrevistas à Letícia Barbano, minha amiga, que apresenta o programa Modéstia e Pudor na Rádio Vox. Resolvi reunir nesse post as três entrevistas com seus respectivos links e referências externas. Espero que gostem!



Essa entrevista foi ao ar dia 26 de fevereiro e pode ser resumida pela frase

"Quando quisermos destruir uma Nação, devemos destruir a sua moral. Assim ela cairá em nossas mãos como um fruto maduro” Lênin

Link da entrevista: https://soundcloud.com/rvox_org/modestia-pudor-27-02-2014 

Referências externas:
“Saber amar com o corpo”, de Mikel Gotzon Santamaria Garai
“O pudor”, de Ada Simoncini
“La supresión del pudor y otros ensayos”, de Jacinto Choza
(baixe aqui: http://www.aloj.us.es/libros-articulos/Filos_y_AF/Libros_files/2.%20Pudor.pdf)

“A evolução do Bikini”
http://www.youtube.com/watch?v=z_IqOdLMzaM
“Modéstia e Romance”
http://www.youtube.com/watch?v=Zi9KMFQK-SQ
“Modéstia...Por quê?”
http://www.youtube.com/watch?v=s2k2BZJvyfY
“Mensagem de Jason Evert para o programa Modéstia&Pudor!”
https://www.youtube.com/watch?v=45tJMa56zQM

Links:
A dignidade cristã da mulher
A missão religiosa da mulher


II e III Entrevistas - Perguntas e Respostas sobre Namoro - Parte 1 e 2

Essas entrevistas foram ao ar no dia 26 de junho e 3 de julho, respectivamente, e nela respondemos algumas perguntas enviadas pelos ouvintes.
As perguntas foram: 

- Namorar é errado? Ou depende de como se namora? O Joshua Harris, no "Eu disse adeus ao namoro" parece decidir-se pela primeira opção. O que terias a dizer sobre isso? - O que se deve fazer quando "ao que parece" se iniciou uma paquera: insistir na paquera ( prá ver onde dá) ou silenciar os afetos e deixar Deus confirmar (ou não)?
- Em um namoro está ok ter relações sexuais?
- E beijo de língua? Tudo bem ter no namoro?

- Como um casal de namorados deve se portar diante dos amigos para que estes se sintam impelidos a viver um namoro cristão? Qual a melhor forma de ser exemplo de casal que busca viver santamente o namoro?
- Ainda há esperança para aqueles que procuram uma mulher virtuosa hoje em dia? Vejo que atualmente até as que são consideradas "certinhas" acham que virgindade, por exemplo, é algo que não tem mais importância

- Um casal que já teve relações sexuais e opta pelo voto de castidade. Como manter-se forte nesta escolha?

Link da Parte 1: https://soundcloud.com/rvox_org/modestia-e-pudor-26062014
Link da Parte 2: https://soundcloud.com/rvox_org/modestia-e-pudor-03072014

Referências externas e indicações da Lê:

"O Namoro Cristão em um mundo supersexualizado", de Thomas G. Morrow
"270 perguntas e respostas sobre sexo e amor", de Rafael Llano Cifuentes
"Os quatro amores", de C.S. Lewis
"Contemporary dating as serial monogamy", de Connie Marshner
(Pode ser lido em inglês aqui http://www.catholicculture.org/culture/library/view.cfm?recnum=801)
"Três para casar", de Fulton Sheen (que também pode ser encontrado com  o título "O mistério do amor")
"Namoro", de Felipe Aquino


Links:
O que é amar?
E beijo de língua? Tá tudo bem? Todo mundo me diz uma coisa diferente......
Onde posso encontrar um homem bom?


Confiram ainda:
Textos do blog Donzela Cristã sobre Namoro e Pureza
Textos e episódios do programa Modéstia e Pudor sobre Relacionamentos
Chastity project


Obs. Estou logada com o perfil do Marcos, mas aqui sou eu Barbara :B

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Semana Santa

Nossa semana santa foi ótima!
Fomos até a Antiga Sé no Domingo de Ramos, no Tríduo Pascal e no Domingo de Páscoa, onde assistimos às celebrações feitas pelo Padre Bruce Judice - da Adm. Apostólica São João Maria Vianney - de acordo com a Forma Extraordinária do Rito Romano.
Confiram o vídeo com alguns dos grandes momentos aqui:



Como os chocolates estão cada vez mais caros e principalmente na época da Páscoa, aqui em casa minha mãe me deu uma ajudinha e fizemos nossos próprios ovos.




No domingo de Páscoa, fomos almoçar na minha sogra e levamos um pavê de Bis :D


sexta-feira, 18 de abril de 2014

Carnaval 2014

Já é de conhecimento geral que o carnaval, longe de ser uma alegre brincadeira familiar, como outrora o fora, está cada vez pior. Altíssimos gastos públicos, praticamente nenhum senso de pudor, estímulo ao exercício desmedido da sexualidade... Enfim. Mais do que apenas reclamar, deveríamos nos esforçar por resgatar o conteúdo positivo dessa festa popular, que hoje parece tão esquecido.
Como é bonito ver bailinhos infantis, ou mesmo pracinhas em cidades menores em que uma bandinha de senhores faz as vezes de coreto e anima a criançada com alegres marchinhas! Eu gostaria de ter feito um bailinho com os amigos, mas acabou não dando certo. Quem sabe no próximo ano? Em 2014 aproveitamos o tempo para ver filmes, nos divertirmos e visitarmos nossos padrinhos de casamento, a Aline e o Vitor. Nós também fomos seus padrinhos e os queremos muito.
Eles foram excelentes anfitriões e passamos um tempo agradável juntos! Assistimos ao filme "A felicidade não se compra"(1947), de Frank Capra, tivemos um jantar à luz de velas e eu até tive a alegria de ensinar a Aline a fazer um ''Cheesecake de copinho''.
Eu sei que já passamos de meados de abril, mas como eu não tinha compartilhado ainda com vocês o que fizemos, decidi por bem fazê-lo agora. Antes tarde do que nunca, não?



Um delicioso café da manhã



Eis o cheesecake!


Rosa de guardanapo









Ps. Assista ao vídeo com comentários do Guilherme Freire, do canal Formação Política, ao filme "A felicidade não se compra" https://www.youtube.com/watch?v=B1-CO6pF0bw!


sexta-feira, 11 de abril de 2014

A Virtude da temperança: o AEIOU da educação infantil



                É frequente ser questionado nas diversas palestras que ministro em várias instituições de ensino do porquê insisto tanto na importância do estímulo à virtude da temperança na educação infantil. O motivo principal dessa minha “obsessão” nasceu do estudo da tese de doutorado de Jose Manuel Roqueñi (Educación de la Afectividade: Una propuesta desde el Pensamiento de Tomás de Aquino. España: Editora EUNSA, 2005), na qual o autor fundamenta com propriedade a urgência da prática dessa virtude nos dias de hoje. Segundo o autor, uma criança do zero aos sete anos de idade, por ainda estar formando sua capacidade intelectiva, não consegue vislumbrar bens mediatos, ou seja, aqueles que se conquistam com esforço e num futuro próximo ou remoto, mas que são os que realmente satisfazem o ser humano, pois duram muito mais e são mais convenientes para a sua natureza racional. Portanto, enquanto essa falta de percepção e de fraqueza permanecerem, é natural que a criança tenha uma forte inclinação para buscar a satisfação de suas necessidades de forma exagerada em outros bens, chamados imediatos, justamente por serem mais efêmeros e fáceis de conseguir. Essa inclinação, com o tempo, vai se fortalecendo ainda mais, principalmente porque estes meios não lhes satisfazem e é ilusório o fato de que o mero aumento na quantidade desses bens imediatos a satisfaça algum dia. Para exemplificar de forma analógica, seria como deixar a criança alimentar-se apenas de algodão doce e esperar que ela seja satisfeita e bem nutrida apenas com guloseimas! Fica, portanto, evidenciado por que é fundamental estar insistindo na formação dos pais na necessária intervenção do educador (pai e professor) para estimular a criança a substituir o “algodão doce” pelo “filé-mignon”, antes que essa inclinação enganosa se torne um mecanismo vicioso e mentiroso.
Essa é a virtude da temperança, que nessas idades ainda não se chama propriamente virtude, mas hábito bonm. A verdadeira virtude necessita que essa capacidade intelectual esteja devidamente desenvolvida de forma a gerar o apetite racional, próprio do conceito de virtude. No final do artigo, exemplificaremos algumas intervenções práticas que os educadores podem e devem fazer para que a criança vá adquirindo hábitos corretos de temperança.

                Mas antes disso, é preciso elucidar os educadores de que além dessa incapacidade antropológica que as crianças apresentam para descobrir e querer o que vale a pena, elas experimentam uma segunda força contrária para as escolhas corretas: uma forte tendência egocêntrica. Cada criança nasce com porcentagens muito elevadas de amor a si mesma, que de alguma maneira lhes força, de forma desmedida e não conveniente, a buscar coisas que lhes satisfaçam, pessoas que lhes agradem e passatempos que lhes contentem. Todas essas coisas, pessoas e passatempos são bons e necessários para a sua realização, mas até certos limites. A criança não consegue perceber que satisfazer essas necessidades sem racionalidade, que seu ego lhe impõe, lhe tornam cada vez mais egoísta. Por isso, um dos grandes ideais dos educadores é conseguir substituir na criança esses altos índices de amor próprio por outros de amor ao próximo, diminuindo de forma paulatina e suave os primeiros e aumentando os segundos, com pequenas renúncias pelos outros. A criança tem que ser ajudada a descobrir que só será feliz quando conseguir amar aos outros mais ou igual a si mesma. Enquanto não acontecer este equilíbrio interior, ela sempre terá uma percepção da realidade deformada e se utilizará das coisas e dos outros de forma a satisfazê-la de forma errada e imatura. Com o tempo, se isolará dos outros, porque não amará ninguém; ou então, os outros se afastarão dela, porque se sentirão instrumentalizados ou injustiçados.

                A arte de educar consiste justamente em saber dosar quando se deve satisfazer esse amor exagerado da criança com coisas, pessoas ou passatempos e quando se deve adiar ou diminuir estas satisfações. Algumas teorias freudianas anunciaram o perigo de “podar” essas satisfações da criança ou de adiá-las, pois poderiam traumatizá-la. Essas teorias estavam certas. Não se pode podar ou negar sem colocar nada em troca, criando como um vácuo no coração da criança. O segredo dessa ciência do amor está, ao invés de podar, castrar, negar prazeres à criança, que ela substitua esse amor próprio por amor aos demais. Esse é o sentido da renúncia. A título de exemplo, ela precisa vivenciar que deixar de comer uma nova porção de pudim para que os outros membros da família possam também comer lhe torna feliz. Ela precisa descobrir que arrumar o brinquedo na gaveta, para que os irmãos possam também encontrá-lo quando quiserem é mais prazeroso do que ceder na desordem. Ela necessita concluir que não correr no corredor da escola para não atrapalhar o trabalho dos demais é o mais correto. Como vemos, educar nos hábitos da temperança consiste em ajudar a criança a enxergar que ela não é única no mundo, mas que existem outras pessoas com quem ela precisa se preocupar, alegrar, servir, amar e compartilhar. Naturalmente, no início deste processo formativo, estas negações (substituições) de prazeres farão a criança sofrer – qualquer sofrimento humano é justamente privá-lo daquilo que seu ego mais deseja –, mas depois, aos poucos, ao experimentar um prazer mais forte que vem do amor aos demais, a criança vai aprendendo que esse é o caminho da verdadeira felicidade. Ela começa a desenvolver o que se  chama de razão prática, que lhe capacita a fazer cada vez mais rapidamente as escolhas corretas: adiar escolhas que gosta e escolher coisas que não gosta, por amor aos demais.

                Da ideia anterior, nasce uma terceira força negativa que está dificultando que a criança substitua o algodão doce pelo filé-mignon: o amor exagerado de muitos pais nos dias que correm, com suas decorrências de superproteção, mimos, caprichos, fugas educativas, fraquezas sentimentais, entre outras. O motivo é simples: muitos pais vêm de gerações anteriores nas quais já foram educados com as duas forças negativas que descrevemos anteriormente, portanto, de forma pouco perceptiva do bem e com tendências egoístas e, por isso, como dizíamos anteriormente, não aprenderam a descobrir os bens mediatos, mas somente os imediatos; e/ou não aprenderam a ética da substituição das coisas/pessoas/passatempos pelo amor aos outros. Quando chegam à idade adulta, com estes desajustes psicológicos, pode acontecer que os filhos se tornem “extensões” do próprio ego, utilizando-os para se satisfazerem em consolos, carinhos e sentimentos egoístas e não consigam sofrer o inevitável sacrifício que exige o dever de educar. Consequentemente, é compreensível que sintam depois enorme dificuldade em negar aos filhos tudo o que eles queiram de forma desmedida, pois na prática se sentirão negando-se a si mesmos, coisa que nunca se habituaram a realizar anteriormente. O sofrimento dos filhos ao renunciar alguma coisa, de alguma forma, é transferido para o ego dos pais. Podemos concluir, portanto, que muitas vezes a forma de educar os filhos reflete, em geral, como cada pai foi se educando ao longo da vida.

                Outro fator relacionado ainda a esta terceira força negativa é o sentimento de culpa de muitos pais ao estarem ausentes muito tempo devido às suas obrigações profissionais. Os motivos destas ausências podem ser diversos, uns mais necessários do que outros, e não aprofundaremos aqui esta discussão, mas é fato que muitos pais são levados a compensar a falta da presença no lar por “presentes” dos mais diversos tipos, materiais ou psicológicos (modelos permissivos de educar). Naturalmente, os excessos de bens imediatos pelos mediatos serão a forma habitual dos pais educarem os filhos, dificultando-os a colocar ordem no próprio interior; e, por outro lado, colaborando na desordem desse amor próprio exagerado dos filhos, pois estarão continuamente alimentando-os de maneira nociva, quase sempre de forma inconsciente.

                Penso que agora já podemos enxergar com mais clareza o porquê de hoje em dia ser premente insistir na educação do hábito da temperança. Em primeiro lugar, pois percebemos que muitas crianças estão sendo educadas de forma incorreta por muitos educadores e estes não enxergam suas inevitáveis e tristes consequências futuras. Depois, porque vivemos numa sociedade relativista e materialista, na qual se pressiona mais ainda esses pais a permanecerem nessa mentira educacional. E por fim, porque é preciso esclarecer que só com a virtude da temperança os pais conseguirão produzir os bons frutos educativos que todos desejam, que costumo chamar do AEIOU da educação infantil (forma mnemônica). Vejamos quais são esses frutos.

                Em primeiro lugar, o hábito da temperança proporciona com o passar do tempo um maior Autodomínio na criança, ou seja, enquanto ela for aprendendo a linguagem ética desde cedo, ela irá se alfabetizar no bem e conseguirá traduzir com rapidez que, em muitas ocasiões da vida, ter que dizer para si mesma, ou para um amigo, “não”, significa, na realidade, dizer “sim”: sim para a boa autonomia, para o respeito aos demais, para verdadeira liberdade.
Depois, o segundo fruto da temperança é um maior Equilíbrio. Terá uma maior capacidade de aguentar e superar as frustrações e dificuldades da vida. Não ficará à mercê das circunstâncias do ânimo, do clima, da opinião dos outros, da condição social, do reconhecimento, da visibilidade, mas apresentará uma maior harmonia interior que se refletirá num sorriso constante, num bom humor habitual, na certeza de que se colocar esforço e trabalho nos seus deveres, com persistência, alcançará os objetivos que estão de acordo com as suas potencialidades e capacidades.
Continuando a vislumbrar os frutos da temperança, uma criança temperante se torna mais Inteligente. Já os antigos gregos chamavam à temperança aquela qualidade que “protege a inteligência”. Tal é a importância desta nossa potência superior, que os antigos sentiam a necessidade de protegê-la da animalização e da destruição. É dessa época que surge a expressão “pão e circo” para o povo, quando seus governantes queriam manter a plebe sob suas mãos ou de forma anestesiada. Esta estratégia de dominação funciona até hoje, seja a nível pessoal, seja a nível coletivo. Efetivamente, uma criança que desde pequena foi sendo satisfeita em todos os seus anseios afetivos, tem mais dificuldade na percepção do bem e do que vale a pena, pois esses valores em geral estão atrelados ao sacrifício e ao esforço. O ego lhe dominará muito mais facilmente, assim como a mídia, os amigos, os antivalores. Quando as paixões humanas são fortalecidas pelos bens imediatos e pelo egocentrismo de forma exagerada, o apetite concupiscível (aquele apetite para o prazer sensível) acaba enfraquecendo o apetite irascível (aquele apetite para o esforço e o bem árduo) e o apetite racional. Essa inclinação para o mais fácil de alguma maneira vai deixando a criança menos inteligente, pois lhe incapacita para a descoberta dos verdadeiros prazeres do ser humano, como são o prazer das descobertas intelectuais e o prazer do verdadeiro amor aos demais. É preciso recordar com frequência que a natureza da criança lhe predispõe para se encantar com as coisas, com as belezas da natureza, com as maravilhas dos valores. Que pena quando os pais abafam estas potencialidades por ignorância educacional.
O quarto fruto da temperança é a Ordem. Já falamos acima desta ordem das potências, mas acredito que vale a pena frisar que a nossa criança só se sentirá feliz quando os motores da inteligência, vontade e afetividade estiverem funcionando perfeitamente e de forma sincronizada como um avião trimotor que impulsiona a aeronave de forma correta para frente. Portanto, é preciso estar continuamente ordenando e fortalecendo as potências da inteligência e da vontade de forma a capacitar a afetividade para o correto direcionamento dos impulsos afetivos e egocêntricos para os outros.
Por fim, uma criança bem educada pelos pais no hábito da temperança aprenderá a Usar bem as coisas e as pessoas, sempre como meio e nunca como um fim da vida. Inevitavelmente, uma pessoa intemperante tende a confundir aquilo que é meio pelo que é fim. Por exemplo, colocar o dinheiro acima de tudo, ou buscar requintes exagerados na comida ou em festas dispendiosas e desproporcionadas ao que se comemora, etc.

                Para terminar, gostaria de propor algumas medidas práticas que os pais poderão se exercitar com os seus filhos no hábito da temperança, sem querer esgotar o tema, pois será objeto de artigos futuros. Mas segundo Aristóteles, a temperança deve ser adquirida principalmente em 4 subcampos: 1) aspectos relacionado à ordem temporal e espacial; 2) maneiras corretas de bom relacionamento (convivência); 3) formas convenientes de boa conduta pessoal, buscando uma maior beleza interior, privilegiando-a à exterior; 4) cuidados com os excessos e supérfluos na comida/bebida, sono, diversão, chamada  da virtude da sobriedade. Obviamente, os pais terão que adequar cada exemplo que se dará a seguir à idade e capacidade de cada filho, pois não existem regras gerais nestes campos. A virtude da prudência tem a missão de adequar cada princípio geral ao caso concreto.

                A forma de conquistar a ordem temporal dos filhos é habituá-los a dar-lhes uma sequência de atividades. Por exemplo, a mãe deve dizer quando inicia o fim de semana o que vão fazer: “neste sábado, de manhã cedo iremos à casa da vovó, depois vamos à feira, almoçamos em casa e de tarde vamos passear no shopping”. Só o fato de colocar uma sequência de atividades no dia das crianças faz com que elas fiquem mais calmas e tranquilas. Caso contrário, qualquer educador comprova facilmente como elas ficam de mau humor e briguentas. Para conseguir a ordem espacial, o mais indicado é habituar os filhos a “batizar” lugares das coisas junto com eles: “onde vamos guardar os brinquedos?, os sapatos?, a roupa?, os copos?”, e forçá-los a guardarem estas coisas na hora certa, com persistência.

                A maneira mais eficaz para habituá-los na boa convivência é conseguir que fomentem o respeito com os demais, ensinando-os a agradecer e a pedir ”por favor”; que se exercitem na amizade desde cedo, chamando os coleguinhas pelo nome, que olhem nos seus olhos quando falam com eles, que os chamem para brincar juntos; que descubram a alegria de compartilhar as coisas com os colegas – o brinquedo no parque, o bolo do lanche, a festa de aniversário –; que tenham espírito colaborativo, como obedecer às professoras, ajudar na montagem das cadeiras para o jantar, etc.

                Crescer na boa conduta são inúmeros aspectos relacionados à boa comunicação (não comer com a boca cheia, bater à porta quando se vai entrar numa sala ou quarto, não falar palavrão ou palavras ofensivas, falar mais alto ou mais baixo), à boa postura (usar o guardanapo, não colocar o dedo no nariz, comer direito, não correr e gritar em locais inconvenientes), ao vestuário (vestir-se corretamente, adequadamente em função da atividade, limpo, cuidados com o pudor, etc) e ao brincar (de acordo com a idade, com o sexo, com o local, com o tempo correto, etc).

                Por fim, os pais devem educar em diversos hábitos relacionados com a sobriedade, como o uso correto do sono, que é dormir o tempo certo, na hora certa, no local certo; cuidar várias recomendações dos pediatras sobre a boa alimentação, como comer verduras, não comer guloseimas, não permitir caprichos, que comam sozinhos sem ajuda de ninguém com 1 ano de idade, não comer vendo TV, etc. Toda a preocupação com o número correto de brinquedos, de forma que não os tenham em excesso (se ganham muitos dos parentes, os pais devem guardá-los e trocá-los 3 vezes ao ano), com o número exagerado de tempo na TV/videogames/desenhos, com os gastos exagerados com festas de aniversários e o uso dispendioso de roupa, bem como os cuidados para que durem muito tempo e se possam passar para os irmãos.

                Como vemos, os exemplos são inúmeros. A exigência é grande. Lembrar de todos estes aspectos todos os dias pode ser difícil. Mas o importante é que os pais reflitam, com a leitura deste artigo, que o trabalho de formar uma criança é bastante complexo e exige seriedade no uso destes recursos. Acredito que o mais motivador para perseverar nesta “batalha educativa” é saborear os frutos do AEIOU da temperança, pois eles aparecem muito rapidamente na educação infantil. Quando os pais se omitem nesta matéria, os frutos amargos também aparecem, mais cedo ou mais tarde, e acredito que nenhum pai honesto pode querê-los para os seus filhos.



- Texto de autoria do Prof. Dr. João Malheiro retirado na íntegra de seu blog Escola de Sagres -

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Vídeos do nosso casamento


"O casamento é um duelo mortal que nenhum homem honrado deve rejeitar."

G. K. Chesterton




Muitos de vocês já devem saber dos nossos vídeos, mas como talvez alguns não saibam e ainda não postamos eles aqui gostaria de compartilhá-los com todos :)

O primeiro vídeo é mais curtinho. É uma espécie de trailer, no qual  vocês podem ver alguns dos momentos principais do nosso grande dia.



Já no segundo poderão ver a celebração do sacramento do matrimônio seguida da Missa Pro Sponsis.





Nosso casamento e a Missa em ação de graças por ele foram feitos no Rito Tridentino. O Papa Bento XVI apoiou que todo sacerdote pudesse celebrar a Missa de acordo com o Missal anterior à reforma litúrgica, se assim tivesse vontade. Como gostamos muito da Santa Missa na Forma Extraordinária do Rito Romano, como é conhecida a Missa Tridentina hoje, pedimos a dois sacerdotes e a um seminarista, que nos ajudassem para que tivéssemos uma Missa solene.

A Missa Tridentina é uma grande riqueza para a Igreja e deve ser valorizada, esperamos que todos possam desfrutar da beleza da celebração como nós o fizemos no dia 22 de junho e o fazemos até hoje todas as vezes em que assistimos às gravações.

Por que um casamento com missa? 

Nosso casamento foi seguido de uma Missa. Somos Católicos e o Santo Sacrifício é a parte central da nossa fé. Como poderíamos excluí-lo de um momento tão importante como esse? Tivemos uma Missa no Rito Tridentino, na chamada Forma Extraordinária do Rito Romano. Ela é chamada assim porque não é a Missa que é celebrada comumente(ordinariamente) nas paróquias hoje em dia.

Esta Missa é também conhecida por muitos como ''Missa em latim", entretanto a Missa na Forma Ordinária - a que costumamos assistir hoje nas paróquias em geral - também pode ser celebrada em latim. Na verdade, o Concílio Vaticano II nunca excluiu o Latim da Liturgia, a Língua Portuguesa, e as vérnaculas em geral, apenas ganharam um espaço maior.

A Santa Missa a qual você assistirá esteve presente, com pequenas variações, desde cerca do século VI. Tornou-se a Missa "oficial" da Igreja no século  XVI, no Concílio de Trento. É deste concílio que vem o nome Missa Tridentina. Milhares de santos assistiram a essa Missa, ouviram os cantos que você ouvirá, escutaram as mesmas orações que você escutará...

Como isso é rico! Para entender um pouco mais e se maravilhar conosco através da descoberta desse admirável mundo antigo assista a estes outros vídeos que também recomendamos:






Agradecimentos:

Papa Emérito Bento XVI

Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro

Administração Apostólica São João Maria Vianney

Basílica de Santa Teresinha do Menino Jesus

Celebrante: Revmo. Monsenhor José de Matos, Administração Apostólica São João Maria Vianney

Diácono: Revmo. Padre Sérgio Muniz, Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro

Sub-diácono: Seminarista Rafael Martins

Acólitos: Francisco, Deivid, Matheus, Luan, Carlos e Augusto

Maestro Antônio José

Coral São João Bosco, de Varre-Sai - RJ

Frei Cardoso, OCD

Frei Adilson, OCD

Jhow Lourenço e equipe(Fotografia e Filmagem)

Nossos padrinhos

Juliana Duim(Cerimonialista)


Bembolados (Bolo, doces, decoração)

Renata Santana(Cabelo e maquiagem da noiva)



sexta-feira, 28 de março de 2014

Batata fácil de microondas

Essa receita é ótima para quem precisa de algo rápido, mas sem abrir mão do sabor!
Já fiz muuuitas vezes e faz sucesso aqui em casa :)

Vamos aos ingredientes, anota aí!

- Batatas(Se forem muito grandes, o tempo de cozimento será maior)
- Azeite
- Orégano
- Queijo parmesão
- Margarina

#Comofaz

1. Lave muito bem as batatas com a ajuda de uma escovinha
2. Corte as batatas ao meio na vertical
3. Acrescente um fio de azeite(nas fotos abaixo eu errei ''um pouco'' a mão haha)
4. Coloque agora um pouco de margarina(uma colher de café ou um pouco mais)
5. Tempere com orégano(Pode usar salsa também ou o que mais sua criatividade permitir)
6. Cubra com queijo parmesão
7. Leve ao microondas(No meu caso, o microondas tem a opção "Batatas", mas são 6 minutos. Se suas batatas forem grandes é possível que fiquem cruas ainda, mas deixe mais um tempo e vá acompanhando).

Agora, algumas fotinhos explicativas!














segunda-feira, 17 de março de 2014

Porque Frozen não é feminista

- Se você não viu o filme e pretende ver, talvez não deva ler esse post, porque contêm SPOILERS! -



Quando assisti Valente no ano passado com o Marcos no cinema, nos divertimos muito e foi excelente. Eu sempre gostei de desenhos Disney e vivo cantando as músicas das trilhas sonoras. Nos surpreendemos, porém, quando ficamos sabendo que Valente tinha sido eleito - pasmem - o filme gay (!) do ano. Não bastasse isso, agora sobrou pro longa Frozen a etiqueta de feminista.

Resumindo a paçoca - Se você já assistiu o filme, pode pular essa parte.


 Frozen é inspirado no conto de fadas A Rainha da Neve, de Andersen, e trata da história de duas princesas irmãs - Elsa e Anna - que se veem separadas na infância devido aos poderes mágicos congelantes da mais velha, Elsa. Anna acaba sendo atingida de modo acidental brincando na neve com a irmã e os pais decidem deixar Elsa isolada em seu quarto de modo a não oferecer maiores riscos para ninguém. A memória de Anna é apagada, então a menina não sabe exatamente porque a irmã simplesmente decidiu afastar-se dela. As duas vão crescendo, os pais morrem em um naufrágio e Anna, com o passar dos anos, torna-se a típica romântica sonhadora Disney, como Gisele de Encantada e tantas outras, aspirando encontrar o amor verdadeiro. Elsa, porém, continua vivendo isolada, procurando conter seus poderes para não machucar mais pessoa alguma.


Ocorre que Elsa atinge a idade necessária e é coroada rainha. No baile comemorativo da coroação Anna aparece com um príncipe que conheceu pouco antes e pede a benção da irmã para seu futuro casamento.
Elsa, todavia, diz que não daria sua benção para um casamento com um homem que Anna acabara de conhecer. A princesa insiste com a irmã e a rainha perde o controle, fazendo uma grande demonstração assustadora de seus poderes, para o pavor dos súditos ali presentes. Elsa foge e decide morar sozinha em seu próprio castelo de gelo, onde pode ser livre do jeito que é.


O filme segue com um grande e interminável inverno que se abate sobre o reino, enquanto Anna decide ir procurar a irmã e trazê-la de volta. É aí então que a princesinha conhece Kristoff - um rapaz que trabalha com colheita de gelo e seu inseparável amigo, a rena Sven - que é convocado para ajudá-la nessa empreitada, por ter um trenó. Nessa aventura o grupo conhece também Olaf, o boneco de neve falante mais simpático do mundo.


Anna encontra Elsa e a rainha expulsa a irmã. Acidentalmente, mais uma vez Anna é atingida pelos poderes de Elsa e começa lentamente a congelar por dentro. Apenas um ato de amor verdadeiro poderia salvá-la da morte. Anna é conduzida por Kristoff ao príncipe quase morrendo e o dito cujo, além de não beijá-la(ato de amor verdadeiro), apaga a lareira e deixa a pobre morrer para se tornar o novo rei da cocada preta.
Essa é, na minha opinião, uma das cenas mais lindas, em que Olaf consegue entrar onde a princesa se contra e acende de novo a lareira, mesmo com o risco de derreter, porque ''existem pessoas pelas quais vale a pena derreter''! Kristoff, que se apaixonou por Anna, resolve voltar atrás da jovem, porque vê que ela precisa de sua ajuda. Anna vai também ao seu encontro quase congelando, para ser salva pelo beijo de amor de Kristoff, quando vê que o príncipe está a ponto de matar sua irmã e, entregando sua vida por Elsa, sai da rota de Kristoff e se coloca entre a irmã e o príncipe, onde congela a tempo de deter a infame e cruel espada.
Elsa chora e abraça o estátua de gelo em que transformara sua irmã quando, pouco a pouco, Anna volta a vida, devido àquele ato de amor que ali se operava. Elsa descobre então que a força para trazer de volta o verão para o reino era o amor e todos vivem felizes para sempre.


Bem, agora vamos lá. 

De fato, Frozen quebra alguns paradigmas se comparado com os contos de fadas mais tradicionais. Quando Elsa nega a benção ao casamento da irmã alegando que ela acabara de conhecer o príncipe, já é possível identificar uma grande mudança.
O que pensar, então, de Branca de Neve, Bela Adormecida, e tantas outras que mal conheceram seus príncipes e já subiram ao altar? Brincadeiras a parte, considero a resposta de Elsa bastante interessante e, de modo geral, válida para quebras as expectativas.
É claro que existe toda uma teoria monarquista que contradiz totalmente a fala da rainha, visto que uma princesa deveria casar-se com ''o melhor partido'' com vistas ao bem do reino e não a suas próprias aspirações pessoais, mas essas prerrogativas monárquicas já não eram usuais nas produções Disney anteriores,  em que o comum é ver príncipes se casando com plebeias.
A polêmica maior porém, começa com o fato de que Elsa decide fugir e viver sozinha. Para as pessoas que procuram usar todo tipo de coisa a favor de sua causa revolucionária, é épico-inimaginável-lindo-glamouroso ver uma princesa, ou melhor rainha, disney ''sendo independente e indo morar sozinha, sem esperar que um príncipe vá salvá-la, porque é forte o suficiente e não precisa de homem''. Para as pessoas normais, porém, isso tudo só significa aquilo o que realmente o filme quis dizer, ou seja, que Elsa decidiu ir viver afastada para não ferir ninguém com seus dotes gelados. E ponto.
Eu cheguei a assistir um vídeo no qual uma mulher vestida de Elsa ficava dando lições de moral em outras mulheres vestidas de Bela, Branca de Neve, etc., propagandeando sua independência em detrimento da vida chatinha das outras que tinham de ficar em casa por causa de homem e jogaram seus desejos de aventura fora.
É realmente absurdo como alguns ideólogos procuram colocar palavras que o filme não disse em sua boca. Desde quando querer ser dona de casa é algo ruim? As mulheres não deveriam ter a liberdade para fazer o que bem quisessem com sua vida profissional? Ou será que elas só podem ser livres para não trabalharem em seu próprio lar?
De fato, eu acredito que Frozen traz uma mensagem diferente de outros filmes de princesa, mas enxergo isso de outra maneira.A verdade é que muitos filmes desse tipo apregoam uma certa dependência feminina, como se elas só pudessem ser felizes de verdade estando casadas, o que não é verdade e a rainha Elsa ilustra muito bem. O ser humano é completo em si mesmo e, quando se une a outro, exercem os dois uma mútua complementariedade. Essa história de metade da laranja e alma gêmea só funciona enquanto letra de música do Fábio Jr. e, diga-se de passagem, nem tão bem assim.
Outra lição a ser tirada do filme Frozen é a de que o amor Eros, simbolizado por Kristoff e Anna, deve estar submetido ao amor Ágape, o amor de Caridade, representado pelas duas irmãs. Isso pode ser visto quando Anna renuncia a própria vida, que lhe seria preservada com um beijo de Kristoff, e vai em direção a irmã para salvá-la. O amor romântico de Kristoff por Anna também estava impregnado do amor Ágape, já que cenas antes ele também levara a amada para unir-se a outro homem porque isso salvaria sua vida.