sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Indicação de filme: O Doador de Memórias (The Giver)


Ontem assistimos à estréia de O Doador de Memórias. O filme é espetacular! A história é excelente, a fotografia é muito boa e os atores também são ótimos. Fazia tempo que eu não via um filme tão bacana no cinema!

Confiram o trailer e logo abaixo uma pequena resenha(contêm spoilers, mas dou a minha palavra de que não conto o final!) :)



Em um futuro distante, a solução apresentada para o combate às desgraças da humanidade - como a fome e a guerra - são as chamadas comunidades: "Locais serenos, bonitos, onde a desordem se transformou em harmonia". Os anciãos mantêm a ordem através de injeções matinais que impedem emoções, toques de recolher e funções bem determinadas para cada cidadão.

Todo tipo de desigualdade, diferença e outras causas de conflitos foram banidos, como por exemplo lares, famílias, fé, amor e cores. Os bebês são feitos pelas chamadas mães biológicas e, em seguida, destinados a unidades familiares arranjadas - único lugar em que é permitido o contato físico entre os cidadãos. Se os bebês não estão saudáveis até o dia determinado para sua entrega, são dispensados para outro lugar (elsewhere), assim como também os idosos, o que basicamente é infanticídio e eutanásia, mas ninguém sabe que está matando o outro. É algo automático e parece que ninguém sabe mesmo o que a morte significa.

Isso se deve ao fato de que não se fala realmente em morte, mas em dispensa. Assim como hoje, a linguagem é distorcida para agradar aos interesses de alguns, muito embora esses alguns preguem, no filme, que deve haver uma certa "precisão da linguagem" (Amar, por exemplo, é uma palavra antiquada facilmente substituível por gostar). Outra razão é a ausência de memórias nas comunidades. Ninguém mais sabe como era a vida antes de tudo aquilo surgir para ''resolver'' as problemas da humanidade. Ninguém, exceto o Receptor de Memórias, uma espécie de sábio que tem acesso a livros e detêm o conhecimento de toda a história pregressa para aconselhar os anciãos quando solicitado.

Jonas foi assignado, em sua cerimônia de graduação, para ser o futuro Receptor e, então, inicia seu treinamento com aquele que agora será seu Doador de Memórias. O jovem passa a ver as cores, pára de tomar as injeções matinais e até se apaixona, começando a entender que há algo de muito errado na sociedade em que vive. Jonas, entretanto, fica sabendo das guerras e de toda a dor, o que faz com que ele queira interromper o treinamento e pense que talvez os anciãos tivessem razão.

Há uma frase emblemática dita pela personagem de Meryl Streep, a anciã-chefe, em que ela diz que as pessoas são fracas e, quando têm a liberdade de escolher, escolhem errado. Como diz o cartaz promocional do filme, não há verdadeira liberdade de escolha quando não há memórias. Em tempos de uma verdadeira negação do passado, como os dias atuais, O Doador de Memórias vêm nos lembrar de onde viemos para que saibamos onde devemos chegar.

Para saber o que acontece depois assistam o filme, não vão se arrepender!

Imagem: Batalha, por Humberto Marum, sob licença Creative Commons.