quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Já montou seu presépio?

Imagem sob licença creative Commons por wbeem

      Muitos de nós não conhecem a origem do presépio, ou até já ouviram falar, mas não lembram exatamente. Isabel de Almeida Serrano, em seu livro O Natal (Vozes, 1963), nos conta essa bela história:

"São Francisco de Assis desejava ardentemente celebrar o Natal representando a cena da gruta de Belém. E para isso obtivera do Papa a necessária autorização. 

Em 1223 entendeu-se com Giovanni Velita, seu amigo, e lhe disse 'Se gostares de festejar comigo o Natal em Greccio, vai e prepara antes de minha chegada o seguinte: gostaria de ver representado o recém nascido de Belém, para bem se compreender o estado de abandono em que deve ter-se encontrado quando nasceu, carecendo de tudo quanto uma criança necessita. Gostaria de vê-lo numa manjedoura, sobre palhas, e os animais rodeando-o".

No mosteiro de Greccio, sobre rochedos, Giovanni Velita preparou uma manjedoura em pedra bruta, forrada de palhas, rodeando-a com animais domésticos, o boi e o jumento. Entretanto, não colocou qualquer imagem de Nosso Senhor pequenino, devido ao respeito que São Francisco nutria e que o impediria de permitir ali colocarem uma criança viva ou uma imagem representando o Menino Jesus.

Ao cair da noite de 24 de dezembro de 1223 São Francisco ajoelhou-se ante aquela manjedoura, para rezar. E tão fortes eram a sua fé e o seu amor que - oh! prodígio! - o Menino se tornou visível sobre as palhas, estendendo-lhe os bracinhos.

Naquela noite, em Greccio, na Úmbria (onde existe hoje uma capela sob cujo altar se encontra a pedra da manjedoura) iniciou-se o Presépio e foi celebrada a primeira Missa do Galo, a Missa de meia-noite, que constitui a melhor e mais adequada maneira de se prestar homenagem ao Menino Jesus.

Daí por diante o uso de se armarem presépios foi se generalizando, adotando-se tão piedosa prática não apenas nas igrejas, mas também nos lares cristãos".


     Aos poucos o presépio foi conquistando um espaço maior na arte cristã. Mais e mais artistas se dispuseram a confeccioná-los e os presépios passaram a ser cada vez mais complexos. Inicialmente a exposição dos presépios se dava nas igrejas, mas passou também a ser uma prática das residências, começando pelos palácios, onde se expunham presépios suntuosos, com muitas figuras e cenários variados.
     Hoje em dia, com os presépios que ''já vem prontos'', com os personagens fixos na gruta, acabou se perdendo um pouco da tradição de enfeitar presépios maiores, pensar na decoração, etc. Isso é algo que precisa ser retomado! A montagem da cena da Natividade nos prepara para o grande dia, além de ser uma oportunidade ótima para envolver a família no projeto.
     Nem todos podemos ter presépios como os que eram expostos pela nobreza em seus palácios, mas todos podemos buscar adquirir um presépio bonito e digno. Não precisa ser gigante e com luzes brilhantes. Se isso está dentro das possibilidades da família, ótimo! Investir no presépio é uma maneira muito boa de viver a pobreza cristã, que não é tacanhice, gastando para oferecer a Deus o melhor.
     Para além dos personagens, também é importante pensar no cenário. Areia, pedrinhas, grama artificial, papel crepom, papel pedra, enfim... o que sua imaginação permitir! Sua família e todos os que visitarem sua casa pelo tempo em que o presépio esteja montado devem ser cativados pela atmosfera do nascimento do Deus Menino. Esse é um ótimo apostolado: Mostrar a todos que investimos tempo e diligência com as coisas de Deus.


Imagem sob licença Creative Commons por Lorenzoclick

Quero aproveitar para compartilhar com vocês uma ideia muito interessante que retirei também do livro O Natal, de Isabel de Almeida Serrano. Trata-se dos "Ofícios no Presépio".

"Tudo quando possa interessar a criança, fixando-lhe a atenção no presépio e, portanto no Mistério da Encarnação, convém que seja feito e propagado.

Conheci uma coleção de pequenas estampas coloridas, fabricadas na França, nas quais havia uma representação do Menino Jesus deitado na manjedoura e, junto a ela, a de uma pesonagem ou de um objeto relativos ao acontecido na gruta de Belém. Em cada estampa lia-se uma inscrição especificamente do ofício ou tarefa que qualquer pessoa poderia representar, assumindo o papel dos seres que ali se viam. Por exemplo, na estampa em que aparecia a estrela constava a legenda: 'Farei o ofício da estrela do presépio guiando uma alma para Jesus Cristo'. E assim por diante.

Os visitantes de um presépio tiravam à sorte uma estampa, como recordação daquele presépio e do dia de Natal. E naturalmente deveriam executar a função que lhes coubera por sorte.

Na falta de estampas com as legendas adequadas impressas, pode-se proceder da seguinte maneira: adquirem-se emblemas representando o Menino Jesus e no verso escreve-se um ofício.

Transcrevemos aqui alguns ofícios que podem variar de acordo com a inspiração da pessoa que escrever as legendas.

1° Farei o ofício de NOSSA SENHORA, recebendo o Menino Jesus em fervorosas comunhões.
2° Farei o ofício de SÃO JOSÉ, executando paciente e conscienciosamente os trabalhos de cada dia.
3° Farei o ofício dos ANJOS, rezando uma Salve Rainha em louvor de Nossa Senhora
4° Farei o ofício dos PASTORES, rezando com atenção minhas orações diárias.
5° Farei o ofício do REI GASPAR, oferecendo ao Menino Jesus o incenso das minhas confissões contritas.
6° Farei o ofício do REI MELCHIOR, oferecendo ao Menino Jesus a mirra de sempre evitar o pecado mortal.
7° Farei o ofício da ESTRELA ensinando (ou aprendendo) a doutrina cristã.
8° Farei o ofício da MANJEDOURA, rezando três Pai Nossos em louvor do Menino Jesus.
9° Farei o ofício das PALHAS da manjedoura, oferecendo ao Menino Jesus um pequeno sacrifício.
11° Farei o ofício do BOIZINHO, procurando ser sempre paciente.
12° Farei o ofício do JUMENTINHO, sofrendo com resignação qualquer aborrecimento."

A linguagem e as tarefas dos ofícios podem (e devem) ser adaptadas à idade a formação religiosa das pessoas que as receberão, claro. Não sei bem o que a autora quis dizer com "emblemas", mas é possível imprimir uma imagem bela do Menino na manjedoura, colar num papel mais durinho e colocar a mensagem no verso.

Imagem sob licença Creative Commons por Squiggle

Espero que as dicas tenham sido úteis e que vocês enviem fotos dos seus presépios! Feliz Natal!