segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Um verão sem babás virtuais - Será possível?



Muitos poderão pensar que sou maluca, mas então que seja! Estamos fazendo algo extremo neste verão, algo pré-histórico e arcaico, algo que faria a maior parte dos pais tremerem de medo.

Estamos nos livrando de todos os meios eletrônicos! Quero dizer, meus filhos estão. Na verdade, sempre fomos.

Conhece lugares onde é proibido fumar? Então... Nossa casa é tipo isso, mas com videogames. Exatamente, nenhum. Zero. A regra é "se quiser jogar videogame, então terá que programar um primeiro". Temos as linguagens Scratch e Bitsbox. Se quiserem ser criativos no computador, podem sê-lo (desde que já tenham cumprido suas tarefas diárias). Mas têm que ser produtores, não consumidores. O tempo de programação é limitado a meia hora por dia. Ainda assim, meus filhos não têm preferência por isso. E (espero que esteja sentado!) isso porque nem temos televisões ou iPads.

Algumas vezes, sermos livres de tais meios pode ser bem inconveniente. Por exemplo, quando estou com meu filho em seus jogos de Hockey, os irmãos de seus colegas são super comportados. Eles calmamente sentam na arquibancada deslizando felizmente os dedos em seus iPads. Meus filhos, porém, estão correndo em círculos à minha volta. Literalmente. Rindo, gritando, sacudindo meus braços e correndo para cima e para baixo nos degraus da arquibancada, eles queimam quase tanta caloria quanto o meu filho que está jogando no gelo. Às vezes sou tentada a dar-lhes meu celular e dizer, "sentem-se e mexam como as outras crianças bem-comportadas". Mas então lembro-me de que estão fazendo o que crianças devem fazer: sorrir e brincar.

Algumas vezes, estar longe dos meios eletrônicos destrói a casa. Em certo dia chuvoso, a minha filha mais velha estava jogando lacrosse com sua irmã no porão e... menina forte... péssima bola... BAM! Um belo buraco na parede. Isso nunca teria acontecido se estivessem jogando lacrosse no iPad.

Algumas vezes, ser livre dos meios eletrônicos é uma bagunça. Como meus filhos não podem jogar videogame, o que eles fazem? Vão para o quintal, fazem guerra de água, jogam vários esportes e pedalam suas bicicletas. Então, eles entram e trazem junto toda a sujeira. Marcas de lama por todo lugar são seguidas de um rastro de sujeira. Depois, vão para fora novamente brincar no riacho e pegar rãs. "Mãe, uma rã acabou de fazer xixi na mão da irmã mais velha". Pronto. Agora tenho que deixar o álcool em gel preparado durante todo o ano, não apenas na época da gripe.

Mas por que então eu nego a mim mesma a conveniência de uma babá virtual? Por que preciso suportar crianças que correm em círculos à minha volta, fazem buracos nas paredes, e rãs que fazem xixi nelas?

Por quê? Porque quero que meus filhos tenham uma infância de verdade. E não que joguem-na fora entorpecendo-se com videogames. Meus garotos se cortam e se machucam de tanto subir em árvores e serem acertados por bolas de beisebol porque jogam jogos de verdade. Eles não têm tendinite de tanto mexer em iPads.

Eu quero que meus filhos tenham verdadeira amizade com os seus irmãos, não relacionamentos virtuais feitos de textos e redes sociais. Meus filhos falam no telefone com seus primos. Eles leem uns para os outros. Também brincam e brigam uns com os outros. Se olham e respondem cara-a-cara, não pelo Facebook. Aprendem a servir e ser empáticos. Já ouvi muitas mães convergindo em dizer que suas filhas apenas ficam trocando mensagens eletrônicas com as amigas durante o tempo livre. Tais meninas não desejam nem sequer sair juntas. Apenas desejam teclar, ainda que tenham ficado chateadas com mensagens desagradáveis. Que tipo de amizade é essa?

Estou convencida de que videogames e uso demasiado de redes sociais são para o cérebro o que a fumaça do cigarro é para os pulmões. Ambos são viciantes, e ambos causam danos a longo prazo. Se desejar uma prova, leia "Boys should be boys" da autora Meg Meeker (ainda sem versão em português).

Não preciso de prova. Ver meus filhos antes e após jogarem videogames já é evidência suficiente. Nas raras ocasiões em que meus garotos jogam videogame, percebi que perdem a habilidade de se entreterem sozinhos após jogarem. O que faziam para se divertir de repente torna-se chato. A única coisa que querem é continuar jogando videogame. Assistir Tv é tão ruim quanto os jogos. Seus corpos e mentes que antes eram completamente ativos tornam-se passivos e preguiçosos. Não é saudável ou normal que uma criança fique horas por dia em frente a uma tela.

Precisamos encorajar nossas crianças a viverem a vida real e gostarem dela. Quando falamos aos nossos filhos para não jogar videogames ou assistir televisão, não estamos simplesmente dizendo "não" a esses meios. Estamos dizendo um grande "sim" a uma infância de verdade. "Sim" à leitura de livros maravilhosos, "sim" para os grandes sonhos, "sim" à diversão fora de casa aproveitando-se o belíssimo dom da natureza.

"Sim" ao desenvolvimento da imaginação. A imaginação pode ser o melhor amigo de uma criança, visto que uma criança com uma boa imaginação nunca está entediada. Vejo isso em meu garoto de 6 anos. Dê a ele algo comprido e se torna um taco de beisebol, um esmagador de insetos ou uma espada. Ele pode se divertir por horas com carrinhos e lego. Sua imaginação é robusta e viva pois não tem sido sufocada por videogames e shows de Tv. De nossa pequena princesa, pode-se dizer o mesmo.

Então, para o bem de minhas crianças, tenho que lidar com algumas inconveniências. Mas é fonte de grande alegria para mim vê-los lendo, brincando, imaginando, e sonhando, vivendo a vida de verdade, uma infância saudável.



Este artigo foi postado originalmente em MercatorNet por Mary Cooney, mãe de cinco filhos.
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Traduzido e adaptado por Maurício Borges.