terça-feira, 4 de novembro de 2014

Positivo e operante


Com tanta propaganda contraceptiva, a mentalidade corrente passou a ser a de que gravidez se pega no ar que nem resfriado. Não é bem assim. Sabiam que as chances de um casal saudável engravidar são de apenas 20% a cada mês? Pois é.

No início do casamento eu fiquei muito ansiosa e me perguntava quando conseguiria engravidar. Tenho a Síndrome dos Ovários Policísticos e, embora isso não necessariamente impeça a mulher de gravidar, às vezes dificulta o processo. Minha mãe também tinha e eu demorei dez(sim, dez) anos para nascer! Eu também tenho três irmãos no céu que não nasceram.

Com esse histórico familiar acrescido ao fato de que os meses passavam e eu não engravidava, fiquei ainda mais ansiosa. Como tenho ciclos bem irregulares, vivia fazendo testes de farmácia e nada. Cheguei até mesmo a ficar 3 meses sem menstruar e me enchi de esperança, mas deu negativo.

Resolvi procurar um médico para tentar iniciar um tratamento. Ele pediu uma ultrassonografia transvaginal, mas não consegui fazer na data marcada e só pude remarcar para dali a um tempo. Da segunda vez que marquei resolvi fazer um teste de gravidez na véspera, só por desencargo de consciência.

É que eu pensava que essa ultrassonografia não poderia ser feita em grávidas. Minha menstruação estava um pouco atrasada(até aí nada de novo,) e não quis arriscar fazer uma ultra que pudesse trazer problemas caso eu estivesse mesmo.

Já estava bem acostumada aos negativos. Tenho uma amiga que disse que, quando ela descobriu que estava grávida, logo apareceu a segunda linhazinha no teste, mal ela tinha inserido a tira na urina. Eu sempre esperei os minutos que o teste sugere, mas sem muita esperança. Era dia 15 de julho.

Coloquei meu teste em ação e fui lavar a louça, pentear o cabelo, enfim, qualquer coisa que eu precisasse fazer só para dar o tempo necessário e poder jogar fora. Surpresa! Quando fui pegar o bendito para colocar no lixo eu a vi. Fraquinha, fraquinha, mas minha segunda linha tão esperada estava lá.

Fiquei chocada. Eu não estava mais tão ansiosa e já tinha aceitado que teria de esperar quando, de repente..., isso! Resolvi que faria um exame de sangue naquele dia mesmo para ver se era verdade e poder contar para o papai com convicção.

Aí começou minha saga. Antes de fazer o exame, que seria no centro do Rio, resolvi passar na Tijuca. Queria comprar um babador que tinha visto numa lojinha para poder fazer uma surpresa pro Marcos. Depois disso fui até o laboratório e, na hora de pagar para fazer o exame, cadê a carteira?

Só podia ser brincadeira. Tive que andar e pegar o metrô de volta – devia ter ficado na lojinha. Fui até lá e nada, mas pude ver nas câmeras que eu saí da loja com a mochila fechada. Lembrei, então, que quando estava no elevador indo para o laboratório a parte externa da mochila estava aberta. Pois é, provavelmente me furtaram.

Não pude fazer o exame sem dinheiro. Voltei para casa e contei mesmo assim! Disse pro meu marido que “hoje em dia esses ladrões não respeitam nem grávida...”. Ele não entendeu muito bem e eu tive que ratificar a informação. Ficou radiante, mas a nossa ficha só cairia de fato quando tivéssemos o resultado “oficial” do exame de sangue.

O engraçado é que a lojinha na Tijuca fica do lado da Basílica de Santa Theresinha, onde nos casamos. Pode parecer bobagem, mas parecia que ela queria que eu desse uma olhada na casinha dela antes de saber o resultado.

No dia seguinte, 16 de julho, era festa de Nossa Senhora do Carmo. Se vocês acompanharam os posts sobre o casamento, saberão que entreguei meu buquê a ela. Junto de São Thomas More – porque quisemos casar no dia dele –, a Virgem do Carmo é a padroeira da nossa família.

Fiz o exame. De noitinha ganhei de uma amiga um marcador de livros da santinha de Lisieux – inesperadamente. Falaram para ela que eu gostava de Santa Theresinha e ela resolveu me presentear. Fiquei ainda mais confiante porque meu resultado viria das mãos de Deus, fosse positivo ou negativo.


E foi positivo. Vimos o resultado online e descobrimos que a gestação ainda estava bem no começo. Contamos para algumas pessoas próximas, mas para a maioria dos familiares, amigos e “o público em geral” só quando completei 12 semanas. Agora estou com 20 e dia 14 faço a morfológica. Será menino ou menina? Rezem por nós! :)