quarta-feira, 8 de abril de 2015

Quebrando as "duas" barreiras na alemanha


Um dos últimos lugares que você pode imaginar ter famílias grandes é a Alemanha. As mulheres alemãs tem, em média, 1,4 filhos cada uma, e uma a cada cinco mulheres permaneceram sem filhos. A chanceler Angela Merkel é uma dessas. Em contraste, uma de suas ministras chefes, Ursula von der Leyen, tem sete filhos.

Provavelmente, não há muitas famílias desse tamanho no país, mas há um número substancial com três ou mais – cerca de 1,4 milhões, algo em torno de 12% de todas as famílias com crianças, de acordo com um infográfico no website da Associação Alemã de Famílias Grandes1. Importante lembrar que ter três crianças qualifica uma família como sendo grande (na Alemanha).

Com a população diminuindo nos últimos anos – apesar da imigração, que, de alguma maneira, tem deixado os alemães nativos incomodados – você acharia que a nação estaria grata àqueles casais que desaceleram esse processo tendo três ou mais crianças. Mas é isto que ocorre?

Não. Não se julgarmos pelo espaço que eles tem na mídia jornalística, e pelo tipo de tratamento que eles recebem quando são mencionados. Estereótipos e clichês são a ordem da vez, de acordo com um recente estudo realizado por um grupo de pesquisadores de Colônia2. Após uma exaustiva análise de 1100 artigos científicos que mencionam famílias publicados pelos jornais alemãs em 2011 e 2012, eles chamaram seu relatório: “O Menor dos Interesses dos Políticos”3.

A pesquisa, conduzida pelo professor de jornalismo Marlis Prinzing (Macromedia Hochschule fuer Medien und Kommunikation3), foi comissionada pelo KFRD e financiada pelo Ministério Federal para Assuntos Familiares, de Idosos, Mulheres e Crianças, que começou a oferecer as famílias, há alguns anos atrás, subsídios para encorajar uma maior taxa de natalidade.

A mídia alemã, porém, ainda não se atentou para isso. Se mencionam famílias grandes é apenas para apontar os problemas que algumas delas tem: dificuldades financeiras, conflitos familiares e os acidentes domésticos, por exemplo. Clichês sugerindo que “famílias com muitas crianças são anormais” ou “somente famílias de imigrantes tem muitas crianças” são os mais comuns.

Em famílias numerosas, a mulher tende a ficar em casa enquanto o homem vai trabalhar. Em 41 porcento dos artigos examinados esse modelo tradicional foi apresentado sob uma perspectiva negativa – como que assumindo que a mãe tem apenas um casal de crianças pra tomar conta. As necessidades de uma família grande, em termos domésticos, foram simplesmente ignoradas.

Novamente, enquanto grande parte das notícias relacionadas a famílias geralmente são relacionadas a política, aquelas que tratam de famílias grandes são sempre relacionadas a casos específicos e problemáticos.

No geral, o assunto família e o número de filhos é tratado de maneira muito pobre, dando espaço apenas para opiniões baseadas no senso comum e em estereótipos, que por sua vez são normalmente apoiadas pelos chamados “experts”. Jornais, em particular, raramente dão voz aos protagonistas reais.

O mais comum, porém, é que os jornalistas alemães simplesmente ignorem. Em pouco menos de 60 porcento dos artigos examinados, a existência de muitos filhos não foi comentada nem de forma positiva nem negativa. Foi tratada como assunto sem nenhum interesse público, a não ser que (as crianças) estivessem em perigo.

Além disso, qualquer artigo sobre famílias grandes que tenha aparecido é predominantemente escrito por mulheres, mesmo havendo uma igualdade de gênero no meio jornalístico. Mais além ainda, quando o assunto concerne política pública para famílias, autores estão bem distribuídos entre homens e mulheres.

Jornais regionais, a pesquisa revela, são muito mais pretensos a escrever sobre famílias grandes.

É evidente que valores da classe média branca predominem na mídia nacional germânica – como em todo lugar no mundo desenvolvido – e que famílias grandes sejam associadas com a classe imigrante cujos valores são, de alguma forma, estranhos e que não devem ser encorajados.

No entanto, jornalistas devem acordar para a necessidade nacional de famílias largas, indo buscar famílias que quebrem as barreiras de classe e os estereótipos populares para descobrir o que as faz motivadas. Com uma mãe de sete crianças no topo de um posto governamental (e Ursula van der Leyen nunca teve um “trabalho real” antes disso – ela era, apenas, uma médica) eles tem um motivo bem respeitável para fazer isso.

1 - KFRD, em alemão.
2 - Cidade alemã.
3 - The Last of the Politicians’ Interests, no original.

Artigo traduzido do site MercatorNet. Autor Marcus and Shannon Roberts no Blog Demography is DestinyTraduzido por: Francisco Seixas Júnior. Se você quiser ajudar a traduzir algum artigo entre em contato. Ficaremos felizes de receber sua ajuda!


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