Um dos
últimos lugares que você pode imaginar ter famílias grandes é a Alemanha. As
mulheres alemãs tem, em média, 1,4 filhos cada uma, e uma a cada cinco mulheres
permaneceram sem filhos. A chanceler Angela Merkel é uma dessas. Em contraste,
uma de suas ministras chefes, Ursula von der Leyen, tem sete filhos.
Provavelmente,
não há muitas famílias desse tamanho no país, mas há um número substancial com
três ou mais – cerca de 1,4 milhões, algo em torno de 12% de todas as famílias
com crianças, de acordo com um infográfico no website da Associação Alemã de
Famílias Grandes1. Importante lembrar que ter três crianças
qualifica uma família como sendo grande (na Alemanha).
Com a
população diminuindo nos últimos anos – apesar da imigração, que, de alguma
maneira, tem deixado os alemães nativos incomodados – você acharia que a nação
estaria grata àqueles casais que desaceleram esse processo tendo três ou mais
crianças. Mas é isto que ocorre?
Não.
Não se julgarmos pelo espaço que eles tem na mídia jornalística, e pelo tipo de
tratamento que eles recebem quando são mencionados. Estereótipos e clichês são
a ordem da vez, de acordo com um recente estudo realizado por um grupo de
pesquisadores de Colônia2. Após uma exaustiva análise de 1100
artigos científicos que mencionam famílias publicados pelos jornais alemãs em
2011 e 2012, eles chamaram seu relatório: “O Menor dos Interesses dos
Políticos”3.
A
pesquisa, conduzida pelo professor de jornalismo Marlis Prinzing (Macromedia
Hochschule fuer Medien und Kommunikation3), foi comissionada pelo
KFRD e financiada pelo Ministério Federal para Assuntos Familiares, de Idosos,
Mulheres e Crianças, que começou a oferecer as famílias, há alguns anos atrás,
subsídios para encorajar uma maior taxa de natalidade.
A mídia
alemã, porém, ainda não se atentou para isso. Se mencionam famílias grandes é
apenas para apontar os problemas que algumas delas tem: dificuldades
financeiras, conflitos familiares e os acidentes domésticos, por exemplo.
Clichês sugerindo que “famílias com muitas crianças são anormais” ou “somente
famílias de imigrantes tem muitas crianças” são os mais comuns.
Em
famílias numerosas, a mulher tende a ficar em casa enquanto o homem vai
trabalhar. Em 41 porcento dos artigos examinados esse modelo tradicional foi
apresentado sob uma perspectiva negativa – como que assumindo que a mãe tem
apenas um casal de crianças pra tomar conta. As necessidades de uma família
grande, em termos domésticos, foram simplesmente ignoradas.
Novamente,
enquanto grande parte das notícias relacionadas a famílias geralmente são
relacionadas a política, aquelas que tratam de famílias grandes são sempre
relacionadas a casos específicos e problemáticos.
No
geral, o assunto família e o número de filhos é tratado de maneira muito pobre,
dando espaço apenas para opiniões baseadas no senso comum e em estereótipos,
que por sua vez são normalmente apoiadas pelos chamados “experts”. Jornais, em particular, raramente dão voz
aos protagonistas reais.
O mais
comum, porém, é que os jornalistas alemães simplesmente ignorem. Em pouco menos
de 60 porcento dos artigos examinados, a existência de muitos filhos não foi
comentada nem de forma positiva nem negativa. Foi tratada como assunto sem
nenhum interesse público, a não ser que (as crianças) estivessem em perigo.
Além
disso, qualquer artigo sobre famílias grandes que tenha aparecido é
predominantemente escrito por mulheres, mesmo havendo uma igualdade de gênero
no meio jornalístico. Mais além ainda, quando o assunto concerne política
pública para famílias, autores estão bem distribuídos entre homens e mulheres.
Jornais
regionais, a pesquisa revela, são muito mais pretensos a escrever sobre
famílias grandes.
É
evidente que valores da classe média branca predominem na mídia nacional
germânica – como em todo lugar no mundo desenvolvido – e que famílias grandes
sejam associadas com a classe imigrante cujos valores são, de alguma forma,
estranhos e que não devem ser encorajados.
No
entanto, jornalistas devem acordar para a necessidade nacional de famílias
largas, indo buscar famílias que quebrem as barreiras de classe e os
estereótipos populares para descobrir o que as faz motivadas. Com uma mãe de
sete crianças no topo de um posto governamental (e Ursula van der Leyen nunca
teve um “trabalho real” antes disso – ela era, apenas, uma médica) eles tem um
motivo bem respeitável para fazer isso.
1 -
KFRD, em alemão.
2 -
Cidade alemã.
3 - The Last of the Politicians’
Interests, no original.
Artigo traduzido do site MercatorNet. Autor Marcus and Shannon Roberts no Blog Demography is Destiny. Traduzido por: Francisco Seixas Júnior. Se você quiser ajudar a traduzir algum artigo entre em contato. Ficaremos felizes de receber sua ajuda!
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