quarta-feira, 29 de abril de 2015

Sem irmãos



A alegria máxima de uma criança! Um irmãozinho. Mais um na família! Que beleza!

Que foto expressiva! Uma imagem vale mil palavras.

Agora vamos ao diálogo que realmente ocorreu na foto.


Não filha! Este não é seu irmão. É o filhinho da moça da cama ao lado. Eu vim aqui somente para colocar um D.I.U.
Eu sei que você quer muito ter um irmão, mas seu pai e eu não podemos dar essa alegria para você. Nosso amor não vai até aí. Deixe-me explicar:

1. Eu tenho a minha carreira e a gravidez atrapalha.

2. Seu pai tem sua carreira e ele não me ajuda muito.

3. Há muita gente no planeta e pouca comida. Há 200 anos que dizem isso e nunca aconteceu, mas nós precisamos ajudar as ONGs a angariar fundos e conseguimos assim um bom motivo para não ter mais filhos.

4. Você deu muito trabalho e eu não agüento outra dose. Sem a babá não sei como faria.

5. Você custa muito dinheiro. Seu pai e eu precisamos viajar, comprar coisas bacanas, pagar a parcela do carro. Temos que viver a nossa vida. Um dia você vai entender.

6. Queremos dar um bom colégio – que é caro - onde vão ensiná-la a ter sucesso profissional e quase nada sobre ter sucesso na vida. Também vão prepará-la para um dia também não dar irmãos aos seus filhos. Somos pessoas instruídas, desenvolvidas, livres e felizes.

7. As outras mamães também não dão irmãos para suas filhas e nós não podemos constrangê-las sendo diferentes.

Não chore... Nós compramos um labrador lindo para você!

Artigo do blog: O Correio Chegou.


quarta-feira, 15 de abril de 2015

Fecundação In Vitro: o que não sabíamos


Recentemente morreu Robert Edwards, o pesquisador que desenvolveu a técnica do “bebê de proveta” ou fecundação in vitro (FIV). A notícia gerou muitos artigos e testemunhos de pessoas que experimentaram a técnica para conseguir ter filhos. Aqui vão dois relatos que jogam luz em aspectos menos divulgados dessa técnica.


Uma dupla experiência negativa


Samantha Brick queria muito ter um filho, tentou fertilização in vitro e não conseguiu engravidar. Escreveu sua experiência no Dailymail.

Semana passada abri minha geladeira e reparei nos diversos frascos com remédios utilizados no processo de tentar engravidar usando a fecundação in vitro. Somados perfazem milhares de libras esterlinas. Meu bom humor evaporou. Esse material me faz lembrar da minha recente segunda tentativa que também terminou fracassando.

Meu marido, Pascal, e eu pagamos mais de £6 mil para ter um tratamento em uma clínica com boa reputação. Os quatro óvulos que meu corpo produziu não eram viáveis e ‘morreram’ horas após terem sido retirados do meu ovário.

Quando li que o pioneiro da técnica Robert Edwards morreu, experimentei emoções dispares. Tristeza pela sua família e raiva de com um homem que brincou de Deus com a vida humana. Eu o vejo como responsável pela agonia que passei durante os últimos quatro anos. Se a FIV não existisse, penso que teria dado um rumo melhor para a minha vida. Só que, pelo contrário, acabamos nos submetendo à montanha russa do tratamento de fertilidade.


Reconheço que a minha perspectiva é controversa e que a técnica de FIV trouxe alegria para muitas mulheres. Mas eu tive uma experiência muito viva do desgaste físico e emocional que esse tratamento, caro e invasivo, proporciona a mulher. Para cada mulher que se realizou tendo um filho, há muitas mais desiludidas, como é o meu caso, que ficaram sem nada.

Vidas são criadas e destruídas. Frequentemente, o casamento não sobrevive a turbulência criada pela FIV. Em alguns casos, mesmo após terem passados anos do fracasso, ficam ainda parcelas a serem pagas do tratamento. FIV está longe de ser um milagre da indústria da fertilidade. Na melhor das hipóteses FIV oferece 25% de chances de ter um bebê. Chance que diminui de acordo com a idade da mulher. Com 40 anos, minha chance era de 12%.

Casei com meu primeiro marido com 31 anos. Meu mundo caiu quando, 18 meses depois, descobri que ele não queria ter filhos. Casei com meu atual marido, Pascal, quando tinha 36 anos e queríamos ter um filho logo. Não conseguimos. Quando tinha 39 anos descobrimos que Pascal tinha uma contagem pequena de espermatozóides devido a uma infecção contraída em um acidente no trabalho. A cenoura da FIV balançava na nossa frente.


Antes do tratamento, os médicos explicaram os benefícios e os riscos inerentes. Disseram-me que em algumas mulheres o tratamento está ligado ao câncer de mama e ao de ovários. Há algumas histórias que circulam na internet em que alguns médicos não permitem que suas esposas façam o tratamento da FIV devido aos riscos para a saúde. No entanto, a FIV passou a ser a escolha automática para mulheres inteligentes e de nível superior como eu.


Comecei o tratamento em fevereiro no ano passado. Quem passou por isso, vai entender quando digo que parece que você está numa granja. Produzi dez óvulos e tive dois embriões implantados no útero, mas em abril descobri que não estava grávida.

Comecei de novo em dezembro. Dessa vez, desesperada para conseguir engravidar, resolvi não trabalhar durante o curso do tratamento. Durante cinco semanas tomei remédios que mexem com os hormônios para controlar a ovulação, criando uma ‘menopausa antecipada’. Depois, por duas semanas, injetei doses de uma química para estimular meu ovário a produzir um excesso de óvulos. Os níveis de hormônio no meu sangue eram monitorados diariamente e meu sistema reprodutor era rastreado com freqüência. Quando descobri que não deu certo novamente, eu fiquei tão desesperada que pensei em me matar. Tal era a minha angústia por não conseguir ser mãe.


Emocionalmente, ainda estou devastada. Choro e tenho momentos de depressão. Não consigo ficar perto de mulheres grávidas ou com crianças pequenas. Há também os efeitos colaterais: acne, aumento de peso, pesadelos e dor abdominal aguda. Não sofri isso durante o tratamento, mas agora, três meses depois.


Honestamente, eu não consigo imaginar entrar novamente em outro ciclo de tratamento de FIV. Não tenho forças suficientes. Começo a acreditar que nem todas as mulheres estão destinadas a se tornarem mães.

Robert Edwards afirmou em uma ocasião: “A coisa mais importante na vida é ter um filho. Nada é mais especial do que ter um filho”. Eu, mais do que ninguém, concordo com ele. Mas também acredito que algumas coisas não devem ser tocadas: criar vida artificialmente é uma delas.





Sheila Diamond é doutoranda pelo Instituto João Paulo II para Estudos em Matrimônio e Família em Roma, Itália. Ela também tem seu testemunho.


Cada vez mais acontece de dar parabéns a uma amiga por estar grávida e saber logo em seguida que utilizou a técnica de fertilização in vitro. Em uma dessas ocasiões perguntei se sabia que a Igreja Católica condenava essa prática. Minha amiga não entendeu: “Mas a Igreja não encoraja a vida e a vinda dos filhos?” Eu sugeri que pesquisasse na internet e ela ficou chocada ao ver que eu tinha razão: “Não tinha a menor ideia!”.


Eu não fiquei surpresa com sua reação, afinal nunca ouvi uma homília sobre isso. E também porque uma pessoa com instrução, mesmo sendo católica, não gosta que lhe digam o que deve ou não fazer. Se quiser ter filhos e não consegue, não há motivos para não recorrer a inseminação artificial.


Bem, o problema começa por aí. Não se trata apenas de uma técnica para ter filhos, mas para ter o melhor filho. Parte do problema ético é que a fertilização in vitro envolve medidas de eugenia. Quando o óvulo é fecundado no laboratório, gera diversos embriões. Cada um deles é examinado e apenas um ou dois – os que tiverem melhores condições - são implantados no útero. Os demais embriões não aprovados (seja porque possuem um problema genético ou porque não são do sexo que os pais querem) são congelados ou destruídos. Atualmente há milhões de embriões congelados em laboratórios. O seu processo vital foi suspenso porque não tinham as melhores condições.


Os casais que procuram a fertilização in vitro normalmente não sabem disso. As clínicas de fertilidade funcionam em bases comerciais, a concorrência é grande e sabem que a taxa de sucesso (número de gestações bem sucedidas) é fundamental para atrair clientes. Para melhorar essa taxa produzem e implantam o maior número possível de embriões. Em consequência, há mais excesso de embriões para serem descartados ou congelados.


Muitos casais pedem para congelar seus embriões para um possível uso futuro. O problema é que a fertilização in vitro é um processo tão exaustivo para a mulher que dificilmente acontece uma segunda rodada. Após conseguir uma criança, ficam satisfeitos e desistem do processo.


Eu conheci uma mulher que usou a técnica e conseguiu duas filhas gêmeas. Teve um parto prematuro e uma das meninas apresentou uma perda progressiva da audição. A mãe tinha 40 anos e durante a gestação passou muito mal. Agora ela tem 8 embriões congelados. Ela só percebeu isso mais tarde. Antes pensava que apenas os óvulos e o sêmen eram congelados. Agora está ansiosa e tem que decidir se paga mais um ano de armazenamento dos seus 8 filhos congelados ou se os descarta. Acha que não consegue sobreviver a outra gravidez. Pediu a irmã para implantar no útero um desses embriões, mas ela se recusou. Seu marido não entende a sua aflição e, vendo a gestação perigosa que teve, não permite que engravide de novo. Acha que deve esquecer os outros oito. Ela acha que o homem entra com a parte mais fácil no processo (ceder o sêmen) e não entende o que isso significa para uma mulher.


Outro dia ela me comentou: “Eu olho para minhas filhas, tão bonitas, e penso: Tenho outras lá na clínica, congeladas! Sei que um dia minhas filhas vão me perguntar: Onde estão as outras? E eu não sei o que vou dizer. Eu amo minhas filhas, mas me arrependo do modo que escolhi para que viessem ao mundo”.


Acho que fica mais fácil entender o veto da Igreja Católica. Uma criança tem o direito de ser concebida no seio do amor conjugal. Com a fertilização in vitro, a criança é concebida através de uma manipulação de terceiros. Isso não anula ou diminui o valor dessa vida, mas a expõe a riscos de todos os tipos (congelamento, descarte, experimentos, abusos de todos os tipos).


Informação suplementar

1. A FIV não é um tratamento para a infertilidade. Uma mulher saudável é normalmente capaz de conceber e ter um filho. Se ela não pode, é provável que haja algo errado que pode ser diagnosticada e tratado. A FIV não vai ajudar a resolver a infertilidade, porque o seu foco exclusivo é gerar bebês, não tem por objetivo restaurar a fertilidade, permitir futuras gestações saudáveis, prevenir abortos espontâneos, nem ajudar a mulher a garantir benefícios para a sua saúde no longo prazo (quer ela engravide ou não).


2. Além do risco de nascimento prematuro, os estudos científicos evocam um aumento demalformações em crianças concebidas por Fecundação In Vitro (FIV). O histórico registra uma incidência 25% maior do que ocorre com crianças concebidas naturalmente. Observam-se anomalias do sistema cardiovascular, urogenital e musculoesquelético.



Artigo do blog: O Correio Chegou.

Famílias numerosas em meio à “tolerante” sociedade moderna

Em minha experiência como mãe de nove filhos, encontrei mais condenações que aceitações e mais questões que entendimento.

Talvez isso ocorra porque não me encaixo no estereótipo de mãe de uma grande família. Sou pequenina, pareço mais nova do que realmente sou e durante toda a minha vida as pessoas me apelidaram “fofa”.

Então, a primeira reação das pessoas comigo é espanto; seguida de confusão ao me verem feliz.






Agora sou uma super feliz, fofa e pequenina mãe de nove simples e assustadoras pessoas. Eu quebro todo o preconceito.

A típica imagem de mãe de muitos filhos é de uma mulher grande, experiente, robusta, desagradável que eficientemente comanda suas jovens e elétricas crianças com pouco tempo para proteger ou amar tais pobres e carentes filhos.
         
Pais de duas crianças não podem entender como a mãe de uma grande família lida com todo o trabalho necessário para manter limpa e arrumada a casa, enquanto ainda tem tempo o suficiente para amar cada um de seus filhos. No entanto, é mais fácil viver rodeada de filhos que ter apenas poucos. Em uma grande família, o filho de 7 anos lerá repetidamente o mesmo livro para a filha pequena que ama um livro em particular. O filho de 10 anos se sente importante quando ele consegue ajudar seu irmão de 6 anos com suas dificuldades de leitura. A jovem adolescente irá ficar feliz em conseguir colocar um pequeno e dependente bebê para dormir.

Para mim, a família começou com três porque somente então criou-se uma comunidade. Uma comunidade trabalha e brinca junto e, para crianças pequenas, trabalhar é tão divertido quanto brincar. Incluí todo mundo nas rotinas diárias de casa e fiz da rotina uma diversão. Certa vez, a educadora experiente de um Colégio Montessori (ensino para crianças através de atividades e jogos) me disse que a política em minha casa era bem parecida com a do colégio. Que incrível confirmação isso foi para mim! Minhas crianças não se tornaram carentes porque eu não pude sentar e brincar com eles de acordo com o senso tradicional. Ao invés disso, eles recebiam uma boa experiência educacional simplesmente porque eu os integrava no dia-a-dia da casa.

Nunca era cedo demais para dar a uma de minhas crianças o trabalho de pegar os brinquedos que seu irmão mais novo havia deixado cair da cadeirinha em que estava. O segredo estava em delegar a cada um uma função de acordo com seus talentos, mas nunca obrigá-los a fazer algo que não gostassem como se estivessem no exército. Eles cortaram lenha, ajudaram a consertar o carro, apararam o jardim e tomaram conta dos animais. Se adolescentes são ainda tratados como crianças ou são muito favorecidos, eles deixam de buscar um objetivo e se tornam rebeldes. Quando os pais apreciam as contribuições de seus filhos, a confiança deles floresce e amadurece.
         
Empregadores amam minhas crianças porque elas sabem como trabalhar e não têm nada por garantido. Muitos têm dito,“Vou dar emprego a qualquer um que tenha Juneau por sobrenome.”

Famílias numerosas fortalecem a base da nossa sociedade. Elas vivem vidas de grande interconectividade. Se você não tem muito dinheiro,  não está sozinho. Você aprende  a compartilhar suas habilidades e coisas com os outros. Quando minhas crianças vão para alguma graduação ou universidade, se adaptam muito bem a dormitórios e casas coletivos. Imagine então, eles já sabem dividir um banheiro para várias pessoas! Eles sabem como lidar com personalidades difíceis, como dar e como receber. Para iniciantes, eles também sabem cozinhar e depois limpar o que sujaram.

Francamente, grandes famílias beneficiam a sociedade. Então abra sua mente e o seu coração na próxima vez que vir ou ouvir algo do tipo. A condenação é realmente difícil de lidar e totalmente injusta em uma sociedade que ama dizer ter a cabeça aberta e ser tolerante. 





Originalmente postado no blog Mother of Nine9 Traduzido e adapatado por Maurício Júnior. 


sábado, 11 de abril de 2015

Evento de formação de casais - Tomada de Decisão


Os nossos amigos do Casais de Sucesso estão promovendo um evento para namorados, noivos e recém casados com tema: Tomada de Decisão.


Interessados entrar em contato pelo e-mail: casaisdesucesso@gmail.com


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quarta-feira, 8 de abril de 2015

Quebrando as "duas" barreiras na alemanha


Um dos últimos lugares que você pode imaginar ter famílias grandes é a Alemanha. As mulheres alemãs tem, em média, 1,4 filhos cada uma, e uma a cada cinco mulheres permaneceram sem filhos. A chanceler Angela Merkel é uma dessas. Em contraste, uma de suas ministras chefes, Ursula von der Leyen, tem sete filhos.

Provavelmente, não há muitas famílias desse tamanho no país, mas há um número substancial com três ou mais – cerca de 1,4 milhões, algo em torno de 12% de todas as famílias com crianças, de acordo com um infográfico no website da Associação Alemã de Famílias Grandes1. Importante lembrar que ter três crianças qualifica uma família como sendo grande (na Alemanha).

Com a população diminuindo nos últimos anos – apesar da imigração, que, de alguma maneira, tem deixado os alemães nativos incomodados – você acharia que a nação estaria grata àqueles casais que desaceleram esse processo tendo três ou mais crianças. Mas é isto que ocorre?

Não. Não se julgarmos pelo espaço que eles tem na mídia jornalística, e pelo tipo de tratamento que eles recebem quando são mencionados. Estereótipos e clichês são a ordem da vez, de acordo com um recente estudo realizado por um grupo de pesquisadores de Colônia2. Após uma exaustiva análise de 1100 artigos científicos que mencionam famílias publicados pelos jornais alemãs em 2011 e 2012, eles chamaram seu relatório: “O Menor dos Interesses dos Políticos”3.

A pesquisa, conduzida pelo professor de jornalismo Marlis Prinzing (Macromedia Hochschule fuer Medien und Kommunikation3), foi comissionada pelo KFRD e financiada pelo Ministério Federal para Assuntos Familiares, de Idosos, Mulheres e Crianças, que começou a oferecer as famílias, há alguns anos atrás, subsídios para encorajar uma maior taxa de natalidade.

A mídia alemã, porém, ainda não se atentou para isso. Se mencionam famílias grandes é apenas para apontar os problemas que algumas delas tem: dificuldades financeiras, conflitos familiares e os acidentes domésticos, por exemplo. Clichês sugerindo que “famílias com muitas crianças são anormais” ou “somente famílias de imigrantes tem muitas crianças” são os mais comuns.

Em famílias numerosas, a mulher tende a ficar em casa enquanto o homem vai trabalhar. Em 41 porcento dos artigos examinados esse modelo tradicional foi apresentado sob uma perspectiva negativa – como que assumindo que a mãe tem apenas um casal de crianças pra tomar conta. As necessidades de uma família grande, em termos domésticos, foram simplesmente ignoradas.

Novamente, enquanto grande parte das notícias relacionadas a famílias geralmente são relacionadas a política, aquelas que tratam de famílias grandes são sempre relacionadas a casos específicos e problemáticos.

No geral, o assunto família e o número de filhos é tratado de maneira muito pobre, dando espaço apenas para opiniões baseadas no senso comum e em estereótipos, que por sua vez são normalmente apoiadas pelos chamados “experts”. Jornais, em particular, raramente dão voz aos protagonistas reais.

O mais comum, porém, é que os jornalistas alemães simplesmente ignorem. Em pouco menos de 60 porcento dos artigos examinados, a existência de muitos filhos não foi comentada nem de forma positiva nem negativa. Foi tratada como assunto sem nenhum interesse público, a não ser que (as crianças) estivessem em perigo.

Além disso, qualquer artigo sobre famílias grandes que tenha aparecido é predominantemente escrito por mulheres, mesmo havendo uma igualdade de gênero no meio jornalístico. Mais além ainda, quando o assunto concerne política pública para famílias, autores estão bem distribuídos entre homens e mulheres.

Jornais regionais, a pesquisa revela, são muito mais pretensos a escrever sobre famílias grandes.

É evidente que valores da classe média branca predominem na mídia nacional germânica – como em todo lugar no mundo desenvolvido – e que famílias grandes sejam associadas com a classe imigrante cujos valores são, de alguma forma, estranhos e que não devem ser encorajados.

No entanto, jornalistas devem acordar para a necessidade nacional de famílias largas, indo buscar famílias que quebrem as barreiras de classe e os estereótipos populares para descobrir o que as faz motivadas. Com uma mãe de sete crianças no topo de um posto governamental (e Ursula van der Leyen nunca teve um “trabalho real” antes disso – ela era, apenas, uma médica) eles tem um motivo bem respeitável para fazer isso.

1 - KFRD, em alemão.
2 - Cidade alemã.
3 - The Last of the Politicians’ Interests, no original.

Artigo traduzido do site MercatorNet. Autor Marcus and Shannon Roberts no Blog Demography is DestinyTraduzido por: Francisco Seixas Júnior. Se você quiser ajudar a traduzir algum artigo entre em contato. Ficaremos felizes de receber sua ajuda!


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quarta-feira, 1 de abril de 2015

As novelas e a diminuição da natalidade no Brasil




Basta uma personagem na novela da Globo usar esmalte azul para encontrarmos na semana seguinte milhares de mulheres de todas as classes sociais usando esmalte azul. Esse mimetismo já é bem conhecido, mas podemos pensar além dos produtos: que comportamentos são introduzidos na sociedade a partir de uma novela? Que peso tem um autor, diretor e ator de novela para mudar o mundo?
Um artigo acadêmico publicado em 2008 por Eliana La Ferrara, Alberto Chong e Suzanne Duryea com o título Soap Operas and Fertility: Evidence from Brazil, estudou a fundo a relação entre novelas e a diminuição no número de filhos na família brasileira.

O estudo analisou somente as novelas da Rede Globo e cobriu o período de 1970 a 1991. Descobriu que as mulheres que viviam nas áreas com sinal da Globo tiveram uma queda muito forte na fertilidade. O impacto é mais forte nas pessoas de condição social mais modesta e nas mulheres acima de 30 anos. Demonstra também que foram as novelas e não os programas de televisão que influenciaram a mudança no comportamento da família.
Pesquisando a estrutura das novelas, o estudo descobriu que as famílias que aparecem nas tramas tinham muito menos filhos do que a família real brasileira.


Enquanto o país tem um nível de ensino muito rudimentar (basta pensar que 34% dos universitários brasileiros não possuem um grau pleno de alfabetização funcional), 90% dos lares tem uma televisão. Enquanto o ano letivo tem 200 dias (na teoria), as novelas ocupam mais de 300 dias.
A taxa de fertilidade por mulher no Brasil teve a queda mais acentuada no mundo, ultrapassando a da China (onde o governo introduziu a política do filho único, a esterilização e o aborto compulsório). Em 1960 havia 6,3 filhos por mulher no país; em 1970 havia 5,8; em 1991 apenas 2,9. Atualmente, em boa parte do nosso território, já estamos abaixo da taxa de reposição que é 2,1.
O perfil de 115 novelas da Globo indica que 72% dos principais personagens femininas, com idade inferior a 50 anos, não tinham nenhum filho. Sendo que as outras 21% tinham apenas 1 filho. Se consideramos apenas as heroínas que estão casadas nas novelas da Globo temos que 41,2% não tem filhos; 33,3% tem apenas 1 filho e 20,1% tem 2 filhos. Isso distorce totalmente a realidade.
Para piorar, a heroína além de não ter filho é rica e feliz. Em 1994 um estudo com mulheres que assistem novelas pediu que elas descrevessem a típica família que aparece na tevê e a típica família brasileira. Essas mulheres responderam que a família na novela é pequena, rica e feliz; a família real é maior, tem mais filhos e tem cara mais triste.
 A influência, logicamente, não se atém ao número de filhos. Vai para o casamento, divórcio e traição. O estudo contabilizou que apenas 27% das heroínas das novelas com 50 anos ou menos são casadas e 12% são divorciadas ou separadas (deve-se ter em conta que isso cobre um período anterior a lei do divórcio e ao crescente número de separações e coabitações). Das casadas, 42,3% traem seus maridos na novela.

Contar uma história é sempre a melhor forma de transmitir algo para as pessoas. Isso pode ser usado para o bem, ou como neste caso, para o mal. 

Artigo do blog: O Correio Chegou.