quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Já montou seu presépio?

Imagem sob licença creative Commons por wbeem

      Muitos de nós não conhecem a origem do presépio, ou até já ouviram falar, mas não lembram exatamente. Isabel de Almeida Serrano, em seu livro O Natal (Vozes, 1963), nos conta essa bela história:

"São Francisco de Assis desejava ardentemente celebrar o Natal representando a cena da gruta de Belém. E para isso obtivera do Papa a necessária autorização. 

Em 1223 entendeu-se com Giovanni Velita, seu amigo, e lhe disse 'Se gostares de festejar comigo o Natal em Greccio, vai e prepara antes de minha chegada o seguinte: gostaria de ver representado o recém nascido de Belém, para bem se compreender o estado de abandono em que deve ter-se encontrado quando nasceu, carecendo de tudo quanto uma criança necessita. Gostaria de vê-lo numa manjedoura, sobre palhas, e os animais rodeando-o".

No mosteiro de Greccio, sobre rochedos, Giovanni Velita preparou uma manjedoura em pedra bruta, forrada de palhas, rodeando-a com animais domésticos, o boi e o jumento. Entretanto, não colocou qualquer imagem de Nosso Senhor pequenino, devido ao respeito que São Francisco nutria e que o impediria de permitir ali colocarem uma criança viva ou uma imagem representando o Menino Jesus.

Ao cair da noite de 24 de dezembro de 1223 São Francisco ajoelhou-se ante aquela manjedoura, para rezar. E tão fortes eram a sua fé e o seu amor que - oh! prodígio! - o Menino se tornou visível sobre as palhas, estendendo-lhe os bracinhos.

Naquela noite, em Greccio, na Úmbria (onde existe hoje uma capela sob cujo altar se encontra a pedra da manjedoura) iniciou-se o Presépio e foi celebrada a primeira Missa do Galo, a Missa de meia-noite, que constitui a melhor e mais adequada maneira de se prestar homenagem ao Menino Jesus.

Daí por diante o uso de se armarem presépios foi se generalizando, adotando-se tão piedosa prática não apenas nas igrejas, mas também nos lares cristãos".


     Aos poucos o presépio foi conquistando um espaço maior na arte cristã. Mais e mais artistas se dispuseram a confeccioná-los e os presépios passaram a ser cada vez mais complexos. Inicialmente a exposição dos presépios se dava nas igrejas, mas passou também a ser uma prática das residências, começando pelos palácios, onde se expunham presépios suntuosos, com muitas figuras e cenários variados.
     Hoje em dia, com os presépios que ''já vem prontos'', com os personagens fixos na gruta, acabou se perdendo um pouco da tradição de enfeitar presépios maiores, pensar na decoração, etc. Isso é algo que precisa ser retomado! A montagem da cena da Natividade nos prepara para o grande dia, além de ser uma oportunidade ótima para envolver a família no projeto.
     Nem todos podemos ter presépios como os que eram expostos pela nobreza em seus palácios, mas todos podemos buscar adquirir um presépio bonito e digno. Não precisa ser gigante e com luzes brilhantes. Se isso está dentro das possibilidades da família, ótimo! Investir no presépio é uma maneira muito boa de viver a pobreza cristã, que não é tacanhice, gastando para oferecer a Deus o melhor.
     Para além dos personagens, também é importante pensar no cenário. Areia, pedrinhas, grama artificial, papel crepom, papel pedra, enfim... o que sua imaginação permitir! Sua família e todos os que visitarem sua casa pelo tempo em que o presépio esteja montado devem ser cativados pela atmosfera do nascimento do Deus Menino. Esse é um ótimo apostolado: Mostrar a todos que investimos tempo e diligência com as coisas de Deus.


Imagem sob licença Creative Commons por Lorenzoclick

Quero aproveitar para compartilhar com vocês uma ideia muito interessante que retirei também do livro O Natal, de Isabel de Almeida Serrano. Trata-se dos "Ofícios no Presépio".

"Tudo quando possa interessar a criança, fixando-lhe a atenção no presépio e, portanto no Mistério da Encarnação, convém que seja feito e propagado.

Conheci uma coleção de pequenas estampas coloridas, fabricadas na França, nas quais havia uma representação do Menino Jesus deitado na manjedoura e, junto a ela, a de uma pesonagem ou de um objeto relativos ao acontecido na gruta de Belém. Em cada estampa lia-se uma inscrição especificamente do ofício ou tarefa que qualquer pessoa poderia representar, assumindo o papel dos seres que ali se viam. Por exemplo, na estampa em que aparecia a estrela constava a legenda: 'Farei o ofício da estrela do presépio guiando uma alma para Jesus Cristo'. E assim por diante.

Os visitantes de um presépio tiravam à sorte uma estampa, como recordação daquele presépio e do dia de Natal. E naturalmente deveriam executar a função que lhes coubera por sorte.

Na falta de estampas com as legendas adequadas impressas, pode-se proceder da seguinte maneira: adquirem-se emblemas representando o Menino Jesus e no verso escreve-se um ofício.

Transcrevemos aqui alguns ofícios que podem variar de acordo com a inspiração da pessoa que escrever as legendas.

1° Farei o ofício de NOSSA SENHORA, recebendo o Menino Jesus em fervorosas comunhões.
2° Farei o ofício de SÃO JOSÉ, executando paciente e conscienciosamente os trabalhos de cada dia.
3° Farei o ofício dos ANJOS, rezando uma Salve Rainha em louvor de Nossa Senhora
4° Farei o ofício dos PASTORES, rezando com atenção minhas orações diárias.
5° Farei o ofício do REI GASPAR, oferecendo ao Menino Jesus o incenso das minhas confissões contritas.
6° Farei o ofício do REI MELCHIOR, oferecendo ao Menino Jesus a mirra de sempre evitar o pecado mortal.
7° Farei o ofício da ESTRELA ensinando (ou aprendendo) a doutrina cristã.
8° Farei o ofício da MANJEDOURA, rezando três Pai Nossos em louvor do Menino Jesus.
9° Farei o ofício das PALHAS da manjedoura, oferecendo ao Menino Jesus um pequeno sacrifício.
11° Farei o ofício do BOIZINHO, procurando ser sempre paciente.
12° Farei o ofício do JUMENTINHO, sofrendo com resignação qualquer aborrecimento."

A linguagem e as tarefas dos ofícios podem (e devem) ser adaptadas à idade a formação religiosa das pessoas que as receberão, claro. Não sei bem o que a autora quis dizer com "emblemas", mas é possível imprimir uma imagem bela do Menino na manjedoura, colar num papel mais durinho e colocar a mensagem no verso.

Imagem sob licença Creative Commons por Squiggle

Espero que as dicas tenham sido úteis e que vocês enviem fotos dos seus presépios! Feliz Natal!



terça-feira, 4 de novembro de 2014

Positivo e operante


Com tanta propaganda contraceptiva, a mentalidade corrente passou a ser a de que gravidez se pega no ar que nem resfriado. Não é bem assim. Sabiam que as chances de um casal saudável engravidar são de apenas 20% a cada mês? Pois é.

No início do casamento eu fiquei muito ansiosa e me perguntava quando conseguiria engravidar. Tenho a Síndrome dos Ovários Policísticos e, embora isso não necessariamente impeça a mulher de gravidar, às vezes dificulta o processo. Minha mãe também tinha e eu demorei dez(sim, dez) anos para nascer! Eu também tenho três irmãos no céu que não nasceram.

Com esse histórico familiar acrescido ao fato de que os meses passavam e eu não engravidava, fiquei ainda mais ansiosa. Como tenho ciclos bem irregulares, vivia fazendo testes de farmácia e nada. Cheguei até mesmo a ficar 3 meses sem menstruar e me enchi de esperança, mas deu negativo.

Resolvi procurar um médico para tentar iniciar um tratamento. Ele pediu uma ultrassonografia transvaginal, mas não consegui fazer na data marcada e só pude remarcar para dali a um tempo. Da segunda vez que marquei resolvi fazer um teste de gravidez na véspera, só por desencargo de consciência.

É que eu pensava que essa ultrassonografia não poderia ser feita em grávidas. Minha menstruação estava um pouco atrasada(até aí nada de novo,) e não quis arriscar fazer uma ultra que pudesse trazer problemas caso eu estivesse mesmo.

Já estava bem acostumada aos negativos. Tenho uma amiga que disse que, quando ela descobriu que estava grávida, logo apareceu a segunda linhazinha no teste, mal ela tinha inserido a tira na urina. Eu sempre esperei os minutos que o teste sugere, mas sem muita esperança. Era dia 15 de julho.

Coloquei meu teste em ação e fui lavar a louça, pentear o cabelo, enfim, qualquer coisa que eu precisasse fazer só para dar o tempo necessário e poder jogar fora. Surpresa! Quando fui pegar o bendito para colocar no lixo eu a vi. Fraquinha, fraquinha, mas minha segunda linha tão esperada estava lá.

Fiquei chocada. Eu não estava mais tão ansiosa e já tinha aceitado que teria de esperar quando, de repente..., isso! Resolvi que faria um exame de sangue naquele dia mesmo para ver se era verdade e poder contar para o papai com convicção.

Aí começou minha saga. Antes de fazer o exame, que seria no centro do Rio, resolvi passar na Tijuca. Queria comprar um babador que tinha visto numa lojinha para poder fazer uma surpresa pro Marcos. Depois disso fui até o laboratório e, na hora de pagar para fazer o exame, cadê a carteira?

Só podia ser brincadeira. Tive que andar e pegar o metrô de volta – devia ter ficado na lojinha. Fui até lá e nada, mas pude ver nas câmeras que eu saí da loja com a mochila fechada. Lembrei, então, que quando estava no elevador indo para o laboratório a parte externa da mochila estava aberta. Pois é, provavelmente me furtaram.

Não pude fazer o exame sem dinheiro. Voltei para casa e contei mesmo assim! Disse pro meu marido que “hoje em dia esses ladrões não respeitam nem grávida...”. Ele não entendeu muito bem e eu tive que ratificar a informação. Ficou radiante, mas a nossa ficha só cairia de fato quando tivéssemos o resultado “oficial” do exame de sangue.

O engraçado é que a lojinha na Tijuca fica do lado da Basílica de Santa Theresinha, onde nos casamos. Pode parecer bobagem, mas parecia que ela queria que eu desse uma olhada na casinha dela antes de saber o resultado.

No dia seguinte, 16 de julho, era festa de Nossa Senhora do Carmo. Se vocês acompanharam os posts sobre o casamento, saberão que entreguei meu buquê a ela. Junto de São Thomas More – porque quisemos casar no dia dele –, a Virgem do Carmo é a padroeira da nossa família.

Fiz o exame. De noitinha ganhei de uma amiga um marcador de livros da santinha de Lisieux – inesperadamente. Falaram para ela que eu gostava de Santa Theresinha e ela resolveu me presentear. Fiquei ainda mais confiante porque meu resultado viria das mãos de Deus, fosse positivo ou negativo.


E foi positivo. Vimos o resultado online e descobrimos que a gestação ainda estava bem no começo. Contamos para algumas pessoas próximas, mas para a maioria dos familiares, amigos e “o público em geral” só quando completei 12 semanas. Agora estou com 20 e dia 14 faço a morfológica. Será menino ou menina? Rezem por nós! :)

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Sobre um título completo

Já faz tempo que não posto nada no blog e peço desculpas a todos que nos acompanham – e tem tanto carinho por nós! – por essa falta. Ando numa correria só com um novo estágio e algumas aulas a noite na faculdade, mas agora vou tentar ser mais regular. Na verdade, tenho vivido momentos e descoberto coisas que não posso deixar de dividir com vocês. Uma leitora do blog me perguntou no Facebook se eu não comentaria nada aqui sobre o que temos vivido ultimamente e o farei, afinal o título Do Namoro aos Filhos, finalmente terá suas palavras fielmente retratadas nas linhas desse blog. Estou grávida!

 “Mas, Barbara, como assim? Vocês não quiseram aproveitar um pouquinho a vida antes?”

Claro que queremos aproveitar a vida! É exatamente por isso que decidimos que eu engravidaria tão logo Deus o desejasse. A felicidade, por ser grande, merece ser compartilhada, não acham? Com relação a isso de esperar um tempo para ter filhos, convido-os a ler um trecho do livro Amor e Casamento, de Cormac Burke(grifos meus): 

     Há quem afirme que alguns anos de vida conjugal sem filhos ajudarão o casal a amadurecer e a preparar-se para dar início à construção de uma família. Mas, perguntamos, que pode haver nessa vida a dois, com as responsabilidades reduzidas ao mínimo, que seja realmente capaz de amadurecer marido e mulher? O momento em que um casal está mais bem preparado para começar a vida familiar é precisamente aquele em que se casaram. O clima romântico que ainda envolve esses primeiros anos de vida conjugal ajudá-los-á a enfrentar com maior prontidão e alegria os sacrifícios que os filhos exigem. Aliás, esse amor idealista e romântico está na verdade previsto pela natureza para facilitar o processo de amadurecimento do casal no sacrifício. Mais adiante, já não será tão fácil consegui-lo e o processo pode até não funcionar. Se adiarem os primeiros filhos até o momento em que já não estejam imersos no amor romântico, a dedicação e o sacrifício requeridos pelos filhos poderão pesar-lhes demasiado..., exatamente porque não amadureceram o suficiente.
     Se dois jovens que se amam não querem fundar uma família, será melhor que não procurem casar-se. Muito provavelmente fracassarão. Poderíamos comparar essa situação à de um carro a que se quisesse dar partida com a correia do alternador quebrada; durante algum tempo o carro andará, mas cedo ou tarde a carga da bateria terminará...
Eu sei que isso pode parecer um pouco duro e que talvez existam casos em que possa não ser recomendável ter filhos imediatamente após o casamento, afinal não se trata de receita de bolo. De modo geral, porém, eu recomendaria que se aguardasse para marcar o casamento no momento em que os dois estiverem dispostos a ter filhos. O professor Felipe Aquino diz que quem não está preparado para ter filhos não está preparado para casar. No mais, recomendo fortemente a leitura desse livro de Burke, no qual ele comenta também o fato de que todo casamento chega a um ponto de crise conjugal e, se já tem filhos, tem motivos de sobra para permanecerem juntos e vencerem as dificuldades, o que pode significar uma vantagem em relação a um casal que tenha optado por adiar os filhos.

E a sua faculdade?

Olha, eu casei com 19 anos e não estava ainda nem na metade da faculdade. Isso se deve muito ao fato de que meu esposo é 10 anos mais velho que eu, afinal não é tão simples casar cedo quando seu noivo e você ainda estão na faculdade. Agora cheguei aos 20 e estou teoricamente na metade da dita cuja, mas quando aceitei casar eu também aceitei meus filhos. Eu sabia do "risco" de engravidar logo e, sinceramente, queria engravidar na lua de mel se possível fosse.

Na minha opinião é muito mais fácil cuidar das crianças enquanto se é jovem e não se tem (tantos) problemas de coluna... É verdade que eu vou precisar trancar a faculdade por um tempo, mas e daí? Sinceramente, em que isso vai interferir no meu futuro? Muitas pessoas não compreendem a decisão de que alguém deliberadamente engravide no meio da graduação, mas se é tão grave interromper os estudos para engravidar, pobres de nós! Afinal, as pós-graduações, mestrados e doutorados da vida também não poderiam esperar, se seguirmos essa lógica...

Muitos dizem também que é melhor conseguir um emprego bom antes de ter filhos... Mas, o que é um emprego bom? Quais são as necessidades que estamos criando e os luxos dos quais não queremos nos desprender? Se formos esperar o sucesso profissional, esperaremos demais, ignorando o fato de que a fertilidade também tem seu prazo de validade. Não podemos esquecer também de confiar em Deus. Cada criança traz um pão debaixo do braço!


No próximo post vou contar como descobri meu positivo, aguardeeem! :D

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Indicação de filme: O Doador de Memórias (The Giver)


Ontem assistimos à estréia de O Doador de Memórias. O filme é espetacular! A história é excelente, a fotografia é muito boa e os atores também são ótimos. Fazia tempo que eu não via um filme tão bacana no cinema!

Confiram o trailer e logo abaixo uma pequena resenha(contêm spoilers, mas dou a minha palavra de que não conto o final!) :)



Em um futuro distante, a solução apresentada para o combate às desgraças da humanidade - como a fome e a guerra - são as chamadas comunidades: "Locais serenos, bonitos, onde a desordem se transformou em harmonia". Os anciãos mantêm a ordem através de injeções matinais que impedem emoções, toques de recolher e funções bem determinadas para cada cidadão.

Todo tipo de desigualdade, diferença e outras causas de conflitos foram banidos, como por exemplo lares, famílias, fé, amor e cores. Os bebês são feitos pelas chamadas mães biológicas e, em seguida, destinados a unidades familiares arranjadas - único lugar em que é permitido o contato físico entre os cidadãos. Se os bebês não estão saudáveis até o dia determinado para sua entrega, são dispensados para outro lugar (elsewhere), assim como também os idosos, o que basicamente é infanticídio e eutanásia, mas ninguém sabe que está matando o outro. É algo automático e parece que ninguém sabe mesmo o que a morte significa.

Isso se deve ao fato de que não se fala realmente em morte, mas em dispensa. Assim como hoje, a linguagem é distorcida para agradar aos interesses de alguns, muito embora esses alguns preguem, no filme, que deve haver uma certa "precisão da linguagem" (Amar, por exemplo, é uma palavra antiquada facilmente substituível por gostar). Outra razão é a ausência de memórias nas comunidades. Ninguém mais sabe como era a vida antes de tudo aquilo surgir para ''resolver'' as problemas da humanidade. Ninguém, exceto o Receptor de Memórias, uma espécie de sábio que tem acesso a livros e detêm o conhecimento de toda a história pregressa para aconselhar os anciãos quando solicitado.

Jonas foi assignado, em sua cerimônia de graduação, para ser o futuro Receptor e, então, inicia seu treinamento com aquele que agora será seu Doador de Memórias. O jovem passa a ver as cores, pára de tomar as injeções matinais e até se apaixona, começando a entender que há algo de muito errado na sociedade em que vive. Jonas, entretanto, fica sabendo das guerras e de toda a dor, o que faz com que ele queira interromper o treinamento e pense que talvez os anciãos tivessem razão.

Há uma frase emblemática dita pela personagem de Meryl Streep, a anciã-chefe, em que ela diz que as pessoas são fracas e, quando têm a liberdade de escolher, escolhem errado. Como diz o cartaz promocional do filme, não há verdadeira liberdade de escolha quando não há memórias. Em tempos de uma verdadeira negação do passado, como os dias atuais, O Doador de Memórias vêm nos lembrar de onde viemos para que saibamos onde devemos chegar.

Para saber o que acontece depois assistam o filme, não vão se arrepender!

Imagem: Batalha, por Humberto Marum, sob licença Creative Commons.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Sentido e Leis do Pudor



O sentido do pudor

Se o corpo é expressão da alma, a educação do corpo levará a apresentá-lo como manifestação adequada do ser espiritual da pessoa. A intimidade pessoal tem também um reflexo na intimidade corporal. (…) O pudor é o aspecto da educação que nos leva a apresentar-nos, sempre como pessoas com alma e corpo. É a defesa do aspecto pessoal do corpo, é evitar que apareça como simples objeto sexual. Uma vez que essa experiência do corpo como simples objeto apetitoso está dentro das possibilidades normais de qualquer pessoa, quando nos apresentamos junto dos outros procuramos evitar-lhes que caiam numa consideração meramente animal do nosso próprio corpo. E assim evitamos ser considerados como animais. Porque o nosso corpo é parte da nossa pessoa. O pudor consiste em apresentar o caráter pessoal do corpo. O impudor consiste em apresentar-se como objeto sexual, em destacar o estritamente sexual, de maneira que chame a atenção do outro de maneira imediata.

As leis do pudor

Para saber o que é o pudor e o impudor no homem e na mulher, cada um deles deve ter em conta a diferença natural de percepção do outro. Já referimos que o homem reage naturalmente, de modo automático, perante os valores meramente carnais do sexo feminino, enquanto que a mulher não sente habitualmente essa mesma atração imediata perante o corpo do homem.

Por outro lado, o que é pudico ou impudico depende da situação em que nos encontramos e da função que tem que cumprir o vestuário. Não é o mesmo estar a tomar banho que estar numa festa. O que é perfeitamente apresentável como traje de banho, é totalmente inadequado como traje de festa. Aparecer numa festa de sociedade em  traje  de banho,  é apresentar-se de modo impudico, destacar o estritamente sexual. E assim o sentirão todos os presentes.
O pudor não se pode reduzir, portanto, a centímetros de roupa. Depende de um conjunto de fatores que influem na percepção que os outros têm de nós. Depende das diversas situações e da função do vestuário e depende também dos costumes no modo de vestir. Se, numa sociedade em que todas as mulheres andassem com as saias até ao tornozelo, uma se apresentasse com a saia a meio da perna, chamaria a atenção. E a atenção recairia sobre aspectos significativamente sexuais.
Por outro lado, as mesmas mulheres que andavam com as saias até ao tornozelo, quando chegava a hora de ir trabalhar para a horta, não tinham nenhuma dúvida em recolher as saias, pois a situação assim o exigia, para não estragar a pouca roupa que tinham. E ninguém considerava que aquilo fosse impudico. Se todas as mulheres andam com a saia a meia perna, isso não chamará a atenção, nem provocará uma consideração basicamente sexual do corpo. Mas nem tudo é uma questão de costume. Há certas leis características da percepção que reclamam a atenção sobre um ou outro aspecto do corpo. Determinados tipos de decotes ou mini-saias, roupas cingidas, etc., não podem deixar de chamar a atenção sobre os aspectos provocativamente sexuais do corpo feminino. E não é questão de mais ou menos roupa. Pode ter mais roupa e menos pudor. Podemos ver isso, em alguns casos, na nossa sociedade.
Isto é também o caso de certas tribos sem cultura nem técnica, que habitam em zonas úmidas e quentes. As circunstâncias de ambiente e a sua falta de técnica tornam impossível a roupa adequada, pelo que andam quase nus. O pudor costuma expressar-se dissimulando o estritamente sexual, mediante uma simples faixa. Mas quando uma mulher quer chamar a atenção do homem, o que faz é precisamente cobrir o peito. As leis da percepção fazem que isso chame mais a atenção, uma vez que nunca anda coberta. E o que não se vê, mas se imagina, é mais provocativo que o que se vê normalmente, porque as circunstâncias fazem que esse modo elementar de vestir seja o único possível e, portanto, que seja pudico. Nessas circunstâncias, a percepção do conjunto da sociedade está habituada a expressar o pudor e o impudor sempre da mesma maneira.
Uma percepção deste gênero seria impossível num lugar como o nosso, no qual o clima exige cobrir-se em determinadas épocas. O simples fato de andar vestido em certas alturas altera totalmente a percepção da intimidade corporal. Se estamos habituados a ver-nos vestidos, a nudez tem um significado totalmente diferente, destaca uma “disponibilidade” sexual que não se apresenta na percepção de quem por necessidade anda habitualmente nu. Há aqui uma legalidade natural que nenhuma vontade pode alterar, nem sequer pelo desejo de uma pretendida naturalidade. O natural para o homem depende da sua formação cultural, pois essa formação altera a sua constituição neuronal e estabelece modos naturais de percepção, dificilmente alteráveis. O fenômeno contemporâneo da perda do pudor e do nudismo é algo totalmente diferente da nudez habitual e constante dos “bons selvagens”.


A intimidade corporal e a entrega

Uma vez que as condições ambientais, técnicas, culturais, estabelecem as leis próprias do pudor, define-se espontaneamente a fronteira entre o pudico e o impudico. E estabelece-se o limite natural da intimidade pessoal. O vestuário tem a função de personalizar o corpo, de expressar a própria personalidade. Por isso tem a função de estabelecer o grau de relação com uma determinada pessoa. Quando as leis do pudor estabeleceram o que define a intimidade corporal, estabelece-se uma união entre a intimidade pessoal e a intimidade corporal. As duas caminham a par, porque a pessoa é ao mesmo tempo corpo e espírito. Quando se entrega o corpo, entrega-se a própria pessoa. E quando se abre a intimidade corporal, abre-se a intimidade pessoal. Separar esses dois fatores produz uma ruptura interior da pessoa. Como a pessoa é indissociavelmente corporal, para criar um espaço de intimidade espiritual, de riqueza interior pessoal, tem de se criar um espaço de intimidade corporal. Todos os torturadores sabem que a nudez corporal é um modo muito eficaz de rebaixar e destruir a dignidade e a resistência interna das pessoas. Quando uma pessoa não defende a sua própria intimidade corporal, isso significa que não tem uma intimidade pessoal a salvar.
A prostituição destrói o mais íntimo das pessoas, por isso provoca tanta pena ou tanta repugnância. Quem entrega o corpo sem entregar a alma, prostitui-se. Quem entrega a intimidade corporal sem entregar a intimidade pessoal, prostitui-se.
Por isso, a nudez, a abertura da intimidade corporal, deve estar sempre ligada à entrega mútua e total da própria pessoa, que se realiza no matrimônio. A nudez é sinal de abandono e entrega plena, por isso tem de haver uma entrega mútua e para sempre; doutra forma, haveria prostituição por parte de um ou de outro. Se a nudez não é expressão de uma entrega pessoal, então é porque essa pessoa se está a apresentar perante os outros como simples objeto, com o seu inevitável valor sexual em primeiro plano.»

Trecho de "Saber Amar com o Corpo", de Mikel Gotzon Santamaría Garai.
Imagem por laura redburn, sob licença Creative Commons.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Matrimônio e Doação

Dizia o filósofo francês Gustave Thibon que "O amor nupcial autêntico acolhe o ser amado não como um Deus, mas como um dom de Deus". Todas as dádivas divinas nos são dadas apenas como meios de nos aproximarmos mais do fim último do homem, a vida eterna. Assim, o amado é um dom de Deus orientado para a nossa santificação como o ilustra de maneira belíssima Dom Marcos Barbosa em seu Cântico Nupcial:

E, quando eu fechar os olhos para a grande noite,
sejam tuas as mãos que hão de fechá-los.

E, quando os abrir para a visão de Deus,
possa contemplar-te como o caminho
que me levou, dia após dia,
à fonte de todo amor.

O Matrimônio é, por excelência, a entrega mútua de um homem e uma mulher que querem ser, um para o outro um dom - e por isso se doam. Como Cristo ofereceu na Santa Missa Seu corpo à Sua esposa, a Igreja, também o marido deve oferecer-se seu próprio corpo à esposa no ato conjugal. É por isso que se diz que a cama é o altar da igreja doméstica.

O “grande mistério”, que é a Igreja e a humanidade em Cristo, não existe dissociado do grande mistério expresso na realidade de “uma só carne” do matrimônio e da família. 
(São João Paulo II na Carta às Famílias, 19)

O sexo, longe de ser algo sujo, é algo glorioso, já que permite ao casal amar como Deus ama. Assim como a Santíssima Trindade consiste em um só Deus e três pessoas, o casal deixa de ser dois para ser uma só carne. Christopher West, um renomado teólogo especialista na Teologia do Corpo nos recorda que

De todas as formas que Deus usa para revelar sua vida e seu amor ao criar o mundo, diz João Paulo II que o matrimônio – celebrado e consumado pela união sexual – é a mais fundamental.

(Good news about sex and marriage)

Ah, e isso tudo sem falar nos frutos das relações entre os casais: os filhos! A geração da vida confere ao casal a imensa alegria de tornarem-se participantes da criação divina e contribui também - e muito!- para que cresça o amor do esposos, que passarão a não concentrar-se apenas em si mesmos, mas olharão juntos em uma direção comum, como disse Cormac Burke em seu livro Amor e Casamento:

O amor entre os cônjuges encolhe-se e desaparece se os dois permanecem demasiado tempo com os olhos fixos um no outro, para que cresça, tem de contemplar outros olhos - muitos outros olhos, nascidos desse mesmo amor -, e ser por eles contemplado.

Já que estamos falando de amor, o amor dos esposos passa, no matrimônio, a ser orientado pela intimidade que cria a comunhão entre as pessoas. É o amor o responsável por "causar" o casamento e também é o Amor o seu fim último. Para encerrar, proponho refletirmos sobre esse amor e sobre o fato de que, como diz o filósofo alemão Dietrich Von Hrildebrand,

O amor entre o homem e a mulher não é uma invenção romântica dos poetas, mas um fator extraordinário na vida humana desde o início da história da humanidade, a fonte da felicidade mais intensa na vida humana terrestre. Dele diz o Cântico dos Cânticos: ‘Se por amor um homem desse todos os bens da sua casa, haveria de desprezá-los como a bagatelas.’ Com efeito, só este amor é a chave para uma compreensão da verdadeira natureza do sexo, do seu valor e do mistério que personifica.
(Filosofia do relacionamento entre homem e mulher)


quarta-feira, 23 de julho de 2014

Seminário Moda e Comportamento



Pessoal, passei aqui no blog rapidinho para divulgar esse SUPER seminário que acontecerá no Rio. 


Para se inscrever é simples:
Envie um e-mail para bossafeminina@globo.com demonstrando seu interesse em participar do evento. Após receber a resposta confirmando o recebimento, deposite em uma das contas da ADEC * o valor para um ou dois dias de seminário à sua opção (80 ou 160 reais). 
Envie o comprovante do depósito para  o e-mail bossafeminina@globo.com  dizendo o seu nome. Você receberá um e-mail confirmando o recebimento do mesmo.
* Itaú Ag. 0532 Conta 16606-3
* Bradesco Ag. 1444 Conta 7300-8

Vai valer muito a pena, acreditem! 

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Entrevistas ao programa Modéstia e Pudor, da Rádio Vox.

Queridos leitores, há quanto tempo, não?
Desculpem a ausência.

Como alguns sabem, concedi algumas entrevistas à Letícia Barbano, minha amiga, que apresenta o programa Modéstia e Pudor na Rádio Vox. Resolvi reunir nesse post as três entrevistas com seus respectivos links e referências externas. Espero que gostem!



Essa entrevista foi ao ar dia 26 de fevereiro e pode ser resumida pela frase

"Quando quisermos destruir uma Nação, devemos destruir a sua moral. Assim ela cairá em nossas mãos como um fruto maduro” Lênin

Link da entrevista: https://soundcloud.com/rvox_org/modestia-pudor-27-02-2014 

Referências externas:
“Saber amar com o corpo”, de Mikel Gotzon Santamaria Garai
“O pudor”, de Ada Simoncini
“La supresión del pudor y otros ensayos”, de Jacinto Choza
(baixe aqui: http://www.aloj.us.es/libros-articulos/Filos_y_AF/Libros_files/2.%20Pudor.pdf)

“A evolução do Bikini”
http://www.youtube.com/watch?v=z_IqOdLMzaM
“Modéstia e Romance”
http://www.youtube.com/watch?v=Zi9KMFQK-SQ
“Modéstia...Por quê?”
http://www.youtube.com/watch?v=s2k2BZJvyfY
“Mensagem de Jason Evert para o programa Modéstia&Pudor!”
https://www.youtube.com/watch?v=45tJMa56zQM

Links:
A dignidade cristã da mulher
A missão religiosa da mulher


II e III Entrevistas - Perguntas e Respostas sobre Namoro - Parte 1 e 2

Essas entrevistas foram ao ar no dia 26 de junho e 3 de julho, respectivamente, e nela respondemos algumas perguntas enviadas pelos ouvintes.
As perguntas foram: 

- Namorar é errado? Ou depende de como se namora? O Joshua Harris, no "Eu disse adeus ao namoro" parece decidir-se pela primeira opção. O que terias a dizer sobre isso? - O que se deve fazer quando "ao que parece" se iniciou uma paquera: insistir na paquera ( prá ver onde dá) ou silenciar os afetos e deixar Deus confirmar (ou não)?
- Em um namoro está ok ter relações sexuais?
- E beijo de língua? Tudo bem ter no namoro?

- Como um casal de namorados deve se portar diante dos amigos para que estes se sintam impelidos a viver um namoro cristão? Qual a melhor forma de ser exemplo de casal que busca viver santamente o namoro?
- Ainda há esperança para aqueles que procuram uma mulher virtuosa hoje em dia? Vejo que atualmente até as que são consideradas "certinhas" acham que virgindade, por exemplo, é algo que não tem mais importância

- Um casal que já teve relações sexuais e opta pelo voto de castidade. Como manter-se forte nesta escolha?

Link da Parte 1: https://soundcloud.com/rvox_org/modestia-e-pudor-26062014
Link da Parte 2: https://soundcloud.com/rvox_org/modestia-e-pudor-03072014

Referências externas e indicações da Lê:

"O Namoro Cristão em um mundo supersexualizado", de Thomas G. Morrow
"270 perguntas e respostas sobre sexo e amor", de Rafael Llano Cifuentes
"Os quatro amores", de C.S. Lewis
"Contemporary dating as serial monogamy", de Connie Marshner
(Pode ser lido em inglês aqui http://www.catholicculture.org/culture/library/view.cfm?recnum=801)
"Três para casar", de Fulton Sheen (que também pode ser encontrado com  o título "O mistério do amor")
"Namoro", de Felipe Aquino


Links:
O que é amar?
E beijo de língua? Tá tudo bem? Todo mundo me diz uma coisa diferente......
Onde posso encontrar um homem bom?


Confiram ainda:
Textos do blog Donzela Cristã sobre Namoro e Pureza
Textos e episódios do programa Modéstia e Pudor sobre Relacionamentos
Chastity project


Obs. Estou logada com o perfil do Marcos, mas aqui sou eu Barbara :B

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Semana Santa

Nossa semana santa foi ótima!
Fomos até a Antiga Sé no Domingo de Ramos, no Tríduo Pascal e no Domingo de Páscoa, onde assistimos às celebrações feitas pelo Padre Bruce Judice - da Adm. Apostólica São João Maria Vianney - de acordo com a Forma Extraordinária do Rito Romano.
Confiram o vídeo com alguns dos grandes momentos aqui:



Como os chocolates estão cada vez mais caros e principalmente na época da Páscoa, aqui em casa minha mãe me deu uma ajudinha e fizemos nossos próprios ovos.




No domingo de Páscoa, fomos almoçar na minha sogra e levamos um pavê de Bis :D


sexta-feira, 18 de abril de 2014

Carnaval 2014

Já é de conhecimento geral que o carnaval, longe de ser uma alegre brincadeira familiar, como outrora o fora, está cada vez pior. Altíssimos gastos públicos, praticamente nenhum senso de pudor, estímulo ao exercício desmedido da sexualidade... Enfim. Mais do que apenas reclamar, deveríamos nos esforçar por resgatar o conteúdo positivo dessa festa popular, que hoje parece tão esquecido.
Como é bonito ver bailinhos infantis, ou mesmo pracinhas em cidades menores em que uma bandinha de senhores faz as vezes de coreto e anima a criançada com alegres marchinhas! Eu gostaria de ter feito um bailinho com os amigos, mas acabou não dando certo. Quem sabe no próximo ano? Em 2014 aproveitamos o tempo para ver filmes, nos divertirmos e visitarmos nossos padrinhos de casamento, a Aline e o Vitor. Nós também fomos seus padrinhos e os queremos muito.
Eles foram excelentes anfitriões e passamos um tempo agradável juntos! Assistimos ao filme "A felicidade não se compra"(1947), de Frank Capra, tivemos um jantar à luz de velas e eu até tive a alegria de ensinar a Aline a fazer um ''Cheesecake de copinho''.
Eu sei que já passamos de meados de abril, mas como eu não tinha compartilhado ainda com vocês o que fizemos, decidi por bem fazê-lo agora. Antes tarde do que nunca, não?



Um delicioso café da manhã



Eis o cheesecake!


Rosa de guardanapo









Ps. Assista ao vídeo com comentários do Guilherme Freire, do canal Formação Política, ao filme "A felicidade não se compra" https://www.youtube.com/watch?v=B1-CO6pF0bw!